quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Volta Santana, estás perdoado!

A primeira entrevista de Meneses à televisão após assumir as funções de líder do PSD foi esclarecedora! O Governo e o Partido Socialista não irão ter muito com que se preocupar uma vez que a contestação interna dos opositores a Meneses dentro do próprio partido vai encarregar-se , ela própria, de criar os anti-corpos necessários para provocar a sua queda antes das eleições de 2009. Senão vejamos!
Quais são então as ideias base do novo líder do PSD?
A primeira, anunciada com todas as letras, será trazer de novo à ribalta política Santana Lopes, com a incumbência expressa de ressuscitar o período da sua governação e demonstrar a todos os portugueses, por a mais b, que ele estava certo no rumo que traçou enquanto foi Primeiro-Ministro e que essa história do défice dos 6% foi uma invenção do Sócrates para o desacreditar.
Ora toda a gente sabe neste país que Santana Lopes foi literalmente escorraçado do cargo de 1ª Ministro por um conjunto de circunstâncias que não abonam nada a seu favôr, nomeadamente a falta de credibilidade para o exercício do cargo, exercício de uma política populista para agradar a gregos e a troianos quando imperava a necessidade de contenção e do apertar do cinto dos portugueses, contestação interna dentro da própria equipe governamental, rápida aceleração de resultados negativos no âmbito da política económica, transposição da vida nacional e da acção governativa para um palco mediático conotado com o mundo das telenovelas e da imprensa côr de rosa.
Curioso foi constatar que grande parte da contestação que se criou à volta da governação de Santana Lopes foi gerada dentro do próprio PSD.
Quanto à questão do equilíbrio das contas públicas não podemos esquecer que o saneamento do défice foi também uma das promessas dos governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Todos também sabemos que as medidas adoptadas por ambos para o conseguir passaram maioritáriamente por manobras de engenharia financeira e por alienação de bens patrimoniais do Estado. Apesar de tudo isso o resultado que se viu foi um défice superior a 6% em 2005!
Meneses vem agora dizer que esse valor não corresponde à realidade e que ele foi adulterado pelo Governo Socialista. Pergunto eu, mas esse valor não foi confirmado pelo Banco de Portugal? Bem mas esse não conta porque Vitor Constâncio é do Partido Socialista! E Bruxelas também não confirmou aquele valor do défice? Será que também a CE é socialista e faz o jogo de José Socrates?
Outras das ideias fortes de Meneses para o combate ao Governo é que este não pode alegar que os problemas estruturais da economia do nosso país se devam maioritáriamente à governação de Durão e Santana porque os Socialistas governaram mais anos! Então os oito anos de governação de Cavaco Silva não contam porquê? Será por ele ser sulista?
O facto de o Governo de Sócrates projectar no Orçamento para 2008 um crescimento do PIB de apenas 2.4% em contraste com o valor de 1.8% previsto pelo FMI constitui um outro cavalo de batalha no combate político que se seguirá, a encetar pelo homem de Vila Nova de Gaia.
Curiosamente todas as projecções que foram feitas anteriormente pelo FMI desde que o Partido Socialista assumiu a governação, pecaram sempre por se revelarem inferiores aos valores reais promulgados posteriormente, em comparação com as previsões do Governo que se revelaram sempre mais fidedignas. Não sei como nem onde irá Meneses encontrar argumentos para sustentar e relevar as previsões do FMI?
Quanto ao facto de LFM achar que o valor projectado pelo Governo para o crescimento económico para 2008 ser extremamente baixo, bem certamente que ele se esqueceu que no ano 2005, após a governação dos governos do PSD o crescimento foi praticamente zero, uma quase recessão técnica!
Por outro lado todos nós sabemos que quando o país está a tentar equilibrar o Orçamento do Estado após a ocorrência de uma recessão técnica em 2005 e do registo de um défice acima dos 6% nesse mesmo ano, enquanto a Reforma da Administração Pública, que os governos do PSD nunca tiveram a coragem de fazer, não começar a surtir os seus efeitos positivos na redução da despesa do Estado, a carga fiscal bem como a redução do investimento público constituem factores essenciais para a consolidação orçamental. Como tal, com um agravamento da crise internacional pelo meio, como não existem milagres, não poderão ainda ser expectáveis valores elevados para o crescimento económico de 2008.
Mas atenção, as coisas para 2009 poderão ser bem diferentes, principalmente se se conseguir que o défice venha para a casa dos 2% em 2008 e se,entretanto, a economia mundial não entrar em recessão!
Um dos dados económicos anunciados recentemente que nos dá algum optimismo, prende-se com o valor do investimento estrangeiro em 2006 que subiu cerca de 85% e com o investimento privado nacional no estrangeiro que subiu mais de 50%, em relação ao ano de 2005 ( Ano da bagunçada). Certamente que estes valores irão subir gradualmente em 2007, 2008 e por aí fora! Espera-se também que o investimento privado nacional no país aumente progressivamente nos próximos anos. Para que isto seja uma realidade torna-se fundamental ter a casa arrumada, as contas em ordem, que haja credibilidade e confiança na acção governativa e total transparência na vida pública nacional.
Meneses diz que os milhares de Portugueses desfavorecidos pela sorte, os que estão nas listas de espera dos hospitais, os professores maltratados pelo Governo, os idosos que não têm dinheiro para comprar medicamentos, os que militam na lista dos desempregados, todos eles estão á espera do governo do PSD para lhes resolver os problemas!
É a demagogia pura em todo o seu explendor! Santana não faria melhor!
O que eu diria mais concretamente, é que existem de facto milhares de portugueses, que anseiam doentiamente que o PSD assuma as rédeas da governação, para recuperarem o poder perdido e a capacidade de moverem influências, para enriquecerem ou voltarem a enriquecer (porque entretanto ficaram menos ricos), para conseguirem novos empregos e para promoverem o caciquismo local, regional e nacional.
Esses portugueses são os apoiantes de Meneses, filiados no PSD, que não souberam esperar normalmente pela prestação do anterior líder Marques Mendes e que lhe moveram, internamente, uma oposição sistemática, organizada e pouco escrupulosa.
Será por tudo isto que os críticos dentro do próprio partido não lhe vão perdoar!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

PORMENORES TÉCNICOS DAS MANIFESTAÇÕES

A grande polémica da semana foi, sem qualquer dúvida, a visita dos dois agentes da PSP à delegação do sindicato dos professores na Covilhã, antes da manifestação programada para o dia seguinte, por ocasião da visita oficial de Sócrates a uma escola.
Parangonas em toda a Comunicação Social, aberturas de telejornais, chamada urgente do Ministro da A.I. ao Parlamento, Partidos da Oposição em uníssono a manifestar a sua indignação perante o acontecimento, conferência de imprensa de um sindicalista a clamar pela liberdade de expressão, exclamando, em extase, que esta estaria seriamente ameaçada, etc...
Pela explicação do ministro no Parlamento parece que tudo se passou de uma forma natural, uma vez que havia uma lacuna de informação da autoridade local no que respeita a pormenores da realização da manifestação que tinham absoluta necessidade de saber para o cumprimento da sua missão. Ao que parece em todas as manifestações realizadas anteriormente, esta troca de informações entre as autoridades e os sindicatos é realizada previamente por telefonema o que, por ingenuidade do comandante da PSP local, não teria acontecido desta vez.
Questiona-se se todo este alarido à volta deste caso, toda esta agitação e mobilização teria de facto razão de existir, pelo facto de estar em causa a liberdade de expressão ou, se tudo isto, não passou de mais uma encenação do Partido Comunista (com os restantes partidos da oposição a reboque!) no sentido de confundir a opinião pública, desgastar o governo e acima de tudo desviar a atenção das pessoas dos dados económicos positivos que o Governo apresentou esta semana?
Que se saiba os unicos momentos em que a liberdade total ( não só a de expressão) esteve realmente em perigo (e por muitas vezes!) depois do 25 de Abril, aconteceram no período do PREC, nomeadamente numa célebre manifestação de operários da construção civil convocada pelo sindicato do sector, ocorrida no dia 11 de Novembro de 1975 e que culminou com a sequestração dos Deputados do Parlamento. Neste episódio todos nos lembramos de ver os deputados do PC, com o camarada Jerónimo na primeira linha, a aplaudirem efusivamente aquela famigerada operação de intimidação dos legítimos representantes da Nação de então. Desconhece-se se, nessa altura, teria havido alguma troca prévia de informações entre o Sindicato e a Autoridade Policial no sentido de assegurar a manutenção da ordem pública, e ao fim ao cabo, acertar todos os pormenores ténicos da dita manifestação. É porque, se de facto ocorreu essa interpelação da polícia, podemos também dizer que ela fez perigar na altura a liberdade de expressão! Pelos vistos, pela reacção hilariante dos deputados do PCP esse problema não suscitou, à época, qualquer preocupação relevante!
Meus senhores, por favor, não confundamos as coisas e tenhamos uma real percepção da sua dimensão e importância!
Nos restantes países europeus desenvolvidos, este tipo de discussões não se coloca porque os potenciais promotores de tais campanhas, têm perfeita consciência que as pessoas em geral, sabem perfeitamente separar as águas e apenas se interessam pelos reais problemas que os afligem.
No nosso país, as pessoas, felizmente, também já se podem incluir naquele lote de europeus mais esclarecidos. Pelos vistos, os donos da " CASSETE" é que ainda não perceberam isto!