segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A que distancia está a Europa?

O Fiscalista e Professor Universitário Saldanha Sanches (SS) não afrouxa por um só momento a sua cruzada anti-militar iniciada há uns tempos a esta parte. Bem revelador disso mesmo é o seu último artigo publicado no jornal Expresso, na edição de 08 de Novembro, intitulado "O Drama e a Farsa", onde ele explora de uma forma despudorada uma expressão menos feliz do General Loureiro dos Santos, que foi de imediato abusivamente interpretada e difundida por alguns sectores da Sociedade Portuguesa, como uma ameaça de "Golpe de Estado por parte dos militares".

Para SS, a luta que os militares vêm travando com o poder político, desde alguns anos a esta parte, para a resolução dos seus problemas não tem qualquer importância, o que o motiva é apenas e sómente a remoção, a qualquer preço, daquela pedra que se alojou no seu sapato, certamente por culpa dos militares! Para ele não tem qualquer relevância a justeza das reclamações dos militares que passam, nomeadamente pela dignificação das suas funções, pela melhoria dos cuidados de saúde e pela actualização dos seus vencimentos prometida e continuadamente adiada desde alguns anos a esta parte.

Mas tudo bem, os militares não esperam nem pedem ao senhor SS qualquer complacência ou manifestação de apoio às suas reivindicações. Porém, o que está em causa neste artigo, é uma atitude de desrespeito, desconsideração e provocação para com todos os militares que se sentem injustiçados e que legitimamente procuram melhorar a sua qualidade de vida. Como tal, considera-se lamentável que o reputado Fiscalista, mais uma vez, resolva, ostensivamente e publicamente, ferir sentimentos de pessoas e achincalhar as suas formas de luta.

Se pretendessemos enveredar pelo mesmo caminho, também poderíamos condenar e ridicularizar as atitudes e comportamentos que o distinto Professor SS, juntamente com sua mulher, uma conhecida Magistrada do Ministério Público que vem ocupando nos ultimos anos funções de chefia junto da Procuradoria Geral da Républica, assumiram e praticaram durante o PREC, quando, deambulando pelas ruas e avenidas deste país, arvorávam a bandeira do MRPP e proclamavam a implantação em Portugal de um Regime Marxista inspirado no Modelo Chinês de Mao Tse Tung!

Uma das reivindicações mais reclamadas pelos militares e quanto a mim uma das mais pertinentes, é sem dúvida alguma a continuada degradação dos seus vencimentos ao longo dos ultimos anos. Uma das argumentações mais utilizada é a comparação faseada no tempo entre os vencimentos dos oficiais das Forças Armadas e os vencimentos de outros sectores da Função Pública, nomeadamente os Professores Universitários e os Juízes e Magistrados, curiosamente as profissões desempenhadas respectivamente pelo distinto articulista e pela sua mulher.

Senão vejamos: Por alturas de 1979, quando o fervor revolucionário do nosso Professor já tinha refreado, em muito, um coronel das FA auferia o vencimento ilíquido de 22.700$00, rigorosamente o mesmo que ganhavam um Professor Universitário e um Juíz de Direito. Actualmente os vencimentos ílíquidos de um Coronel/Capitão de Mar e Guerra, Professor Universitário e Juíz de Direito são, respectivamente, 3400.00€ , 4900.00€ e 5180.00€. Trata-se pois de uma diferença substancial de remunerações, implementada ao longo do período de 1979 e 1998, que supera em qualquer dos casos os 1500.00€, ou seja cerca de 50% do vencimento mensal.

Reverter a favor dos militares, num futuro próximo, a diferença de vencimentos entre eles e os Professores Universitários e Magistrados, torna-se agora uma missão impossível! Mas é extremamente importante que as actuais Chefias Militares e as Associações de Militares não percam de vista o atenuar e reparar o mais possível aquela gritante injustiça.Para que isso seja possível,torna-se necessário manter o mesmo rumo de contestação que tem sido mantido nos ultimos tempos, não abrandando minimamente a pressão exercida sobre o Poder Político.

O que se passou entre os anos de 1979 e 1998, que permitiu que se concretizasse aquele flagrante atropelo de direitos dos militares dos três Ramos das FA talvez esteja ainda no segredo dos Deuses! Sobre esse assunto apenas poderemos levantar a suspeita de que os "Lobbys" dos Professores Universitários e dos Magistrados utilizaram armas de arremesso muito mais poderosas do que as utilizadas pelas Chefias Militares.

Certamente que os Chefes Militares de então, ou pelo menos alguns deles, não deram o seu melhor para evitar aquele descalabro, tendo privilegiado mais os seus interesses pessoais e o progresso nas suas carreiras do que o interesse colectivo de todos aqueles que servem as Forças Armadas. Seguramente,que esse "Baixar da Guarda" por parte daquelas Chefias, terá contribuído, de uma forma decisiva, para o reforço posterior das Associações de Militares, que vêm assumindo, nos ultimos tempos, um papel cada vez mais activo e relevante na defesa dos interesses dos Militares.

Muito provavelmente, o distinto Professor SS conhecerá as razões que motivaram o Poder Político de então, a cometer tão injusta diferenciação de remunerações entre Forças Armadas, Ensino Superior e Magistraturas! Supostamente, até terá participado como Professor Universitário em alguma forma de luta para pressionar o Executivo!Acredita-se que até tenha sido relativamente fácil convencer o Chefe do Executivo de então, uma vez que este teria anteriormente exercido funções como Professor Universitário! Quanto aos Magistrados registemos, apenas, que exercia funções como Procurador Geral da Républica o todo poderoso Dr. Cunha Rodrigues.

Voltando ao infeliz artigo do Jornal Expresso, conclui SS questionando e enfatizando a questão da grande distância que nos separa da Europa: Quando já toda a Europa se tinha esquecido das colónias Portugal ainda "estava entretido" com a guerra colonial; Algum tempo depois apenas o nosso país e a Líbia tinham um Conselho da Revolução; Agora ainda temos ameaças de movimentações militares!

É bem claro, que se SS tivesse o mínimo de honestidade intelectual ele teria de confessar nesse mesmo artigo, que se não fosse a Revolução de 25 de Abril, pensada, orquestrada e executada pelos militares, a distância à Europa seria neste momento muito maior do que aquela que ele insinua que existe. Uma Europa, aliás, onde o Poder Político continua a prestigiar e a enaltecer, por todas as formas possíveis, a Instituíção Militar, como, aliás, sempre o fez no passado.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Menos Estado..... mais Sociedade Civil ?

Na sua crónica semanal do Expresso, Manuela Ferreira Leite (MFL) aborda de uma forma muito superficial a crise financeira internacional, atribuíndo especial relevância ao efeito pernicioso que o aumento dos encargos mensais devido ao preço elevado do crédito representa para as famílias portuguesas. Quanto ao estado da nossa economia e das repercussões da crise internacional, limita-se a dizer que uns pensam que ela estará muito debilitada devido às políticas do Governo e outros que dizem que a economia portuguesa está sólida e está imune ao ambiente adverso.

E, MFL.... o que é que ela pensa do estado da Economia Portuguesa? Com a sua formação académica e profissional, com o seu currículo de exercício de cargos políticos da área financeira, com o cargo que ocupa como Secretária-Geral do principal partido da oposição,...... não terá ela uma opinião formada sobre esta matéria? Certamente que a terá, mas prefere não dizer nada aos portugueses sobre este assunto,como por exemplo,que foi graças à actuação corajosa deste Governo, no âmbito das políticas económico-financeiras e sociais que implementou, que o nosso país não terá sido muito afectado, até ao momento, pela crise internacional.

Imagine-se que Sampaio não tinha tido a coragem política de demitir Santana Lopes e que o PSD teria continuado a governar o país com políticas irresponsáveis de combate ao défice ( venda de imóveis do Estado, por exemplo) e de eterno adiamento de reformas estruturais indispensáveis ao país?
Imaginam o que significaria um défice de 6% ou 7% na conjuntura actual? Imaginam o que seria uma Segurança Social galopantemente deficitária, sem qualquer margem de manobra para acudir aos mais necessitados? Imaginam o que seria uma Caixa Geral de Pensões com a perspectiva de, a médio prazo, não ter dinheiro para pagar pensões?
Seria o descalabro completo! É claro que restava a UE e o FMI para nos socorrer.

O que MFL ainda vai dizendo timidamente numa tentativa de se demarcar da actuação deste Governo, é que na sua opinião o Estado deveria ter um papel menos interventivo na Sociedade e que deveriam ser as próprias Instituíções e Organizações não Estatais a terem mais poder, mais responsabilidades e mais capacidade interventiva. Já abordamos aqui neste espaço muito recentemente a crítica de MFL ao alegado Paternalismo do Estado perante os cidadãos deste país!

Na crónica desta semana, perante a sua incapacidade para analizar com honestidade política a situação da Economia Portuguesa face à crise financeira internacional, MFL volta a atacar a denominada tentativa do Governo de reforçar o papel do Estado e de interferir com a actuação das Entidades Reguladoras, desacreditando-as, desprotegendo desta forma, segundo ela, os interesses dos cidadãos. Isto a propósito de MFL referir no citado artigo, que uma das consequências resultante da crise internacional iria no sentido do fortalecimento do papel das Entidades Reguladoras no nosso país.

Mas será que esta responsável política ainda não está completamente inteirada das razões estruturais que conduziram à crise financeira nos EUA? Pelos visto não está, de todo! É que segundo afirmam os mais diversos analistas sobre a crise internacional, ela teria resultado precisamente do facto de as Entidades Reguladoras das Instituíções Financeiras daquele país, não terem desempenhado eficazmente a sua função. Dispunham à partida da necessária independência e de todos os meios para desempenharem cabalmente a sua missão, mas foram incapazes de se oporem à proliferação de um capitalismo selvagem sem qualquer controle do Estado. Inclusivé, não foram capazes de equilibrar e regular a actuação das entidades classificadoras de Rating sobre as Organizações Financeiras Privadas. "OU SEJA MENOS ESTADO E MAIS INTERESSES PRIVADOS..... FOI O QUE DEU!"

Interessante seria perguntar à Drª Manuela Ferreira Leite o que pensa ela sobre a imposição do Governo Bush de utilizar o dinheiro dos contribuintes americanos para salvar da falência uma série de empresas privadas ligadas aos sectores segurador, bancário e de crédito à habitação? Em coerência não deveria estar de acordo! Afinal o lema do PSD não é.... menos Estado e mais Sociedade Civil?

Coerência, aliás, que MFL dá mostras, quando após o exercício de funções executivas no Estado ela opta sistematicamente por funções na Privada! Ao fim e ao cabo..."menos Estado e mais Sociedade Civil!"
Por coincidência, ou talvez não, as funções pós governamentais de MFL são sempre ligadas ao mesmo sector que administrou! Foi assim após exercer as funções de Secretária de Estado da Educação durante o Governo de Cavaco Silva, quando assumiu funções como Directora do ISLA e após o exercício do cargo de Ministra das Finanças do Governo de Durão Barroso, quando assumiu funções de assessora no Banco Santander Totta.

A questão que se coloca é se estas incursões de MFL nas empresas privadas não terá mais a ver com "Paternalismo", não do Estado....mas da Sociedade Civil?

domingo, 21 de setembro de 2008

Palavras para quê? É um Falcão Português!

Vasco Graça Moura ( VGM), que sistemáticamente adopta posições consonantes com as políticas mais polémicas seguidas pela Administração de George Bush, acaba de manifestar em artigo recente no Diário de Notícias, o seu apoio incondicional a Mcain nas próximas eleições nos EUA, apelidando os Europeus de idiotas por manifestarem maioritariamente o seu apoio a Barack Obama.

Outra coisa não seria de esperar do homem que esteve ao lado de Durão Barroso e Paulo Portas no apoio a George Bush à invasão do Iraque e que participaram em toda aquela farsa que foi a mistificação dos fundamentos que estiveram na base da guerra do Iraque, por parte da Administração Norte Americana.

Contudo, o que mais surpreende no referido artigo de VGM são as suas opiniões absurdas no sentido de tentar limpar a governação Bush, afirmando inclusivamente que ele " George Bush", até teria razão nos aspectos principais do seu mandato, muito em especial, segundo diz, na luta sem quartel que teria desencadeado para desarticular o global jihadismo terrorista. Quanto à política económica, bem, acrescenta que afinal até nem foi assim tão mal..... porque a economia dos EUA continua com crescimento positivo!

Como é possível alguém fazer nos tempos de hoje, principalmente, alguém que pela sua condição de Escritor/Poeta/Ensaísta deveria manter uma posição de lucidez, de moderação e de sensatez, fazer uma apreciação deste teor, quando o mundo está a desabar, em grande parte por causa das políticas de Bush?

Em relação ao combate ao terrorismo o que fez George Bush? Atolou os EUA numa guerra injusta no Iraque baseada em mentiras, da qual não se vê fim à vista. Por outro lado não impediu que o terrorismo islâmico não continuasse a imperar por esse mundo fora, ocorrendo atentados indiscriminadamente com uma frequência assinalável. Não conseguiu desarticular a "AlKaeda", antes pelo contrário, aquela organização continua mais forte do que nunca. Depois, assumindo a opinião pública que a guerra no Iraque se deveu em primeiro lugar ao controle da produção do petróleo num país conotado como o principal produtor daquela matéria-prima, como se justifica que o preço do crude tenha atingido preços rekord da ordem dos 150 dólares por barril?

Quanto à economia, bem isso então foi o descalabro completo! O resumo dos editoriais dos principais jornais americanos na ultima semana acertam todos pelo mesmo diapasão e questionam " QUANTO PIOR PODE ISTO AINDA SER?".
Os efeitos do furacão financeiro que abalou Wall Sreet ainda não estão completamente calculados mas uma coisa é já dada como quase certa: muito difícilmente os EUA escaparão a uma recessão da sua economia de duração indeterminada que arrastará todo mundo ocidental!

Os Republicamos estiveram na Casa Branca os ultimos oito anos. Desde 2004 o crescimento nos EUA tem apresentado valores cada vez mais fracos. 3,1% em 2005, 2,9% em 2006, 2,2% em 2007 e finalmente em 2008, todos os dados apontam para uma redução drástica, próxima do crescimento zero. A actual crise finançeira cujas causas assentam inteiramente nas políticas económicas de Bush, nomeadamente na proliferação de um capitalismo selvagem assente numa crescente desregulamentação do seu funcionamento, ainda não tem fim à vista, presumindo alguns especialistas na matéria que o pior ainda está para vir, uma vez que ninguém sabe a verdadeira dimensão da crise.

Apesar de tudo isto o que dizia há pouco tempo atrás o Candidato Repúblicano à Casa Branca, Jonh Mcain? Textualmente.... " A Economia Americana está fundamentalmente forte!"

Conclui Vasco Graça Moura no seu artigo do Diário de Notícias: " Enfim afigura-se que Mcain vai ganhar, felizmente!

Palavras para quê ? É um Falcão Português!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Paulo Pedroso e a aliança do PS com Deus ou com o Diabo

O grande acontecimento da semana foi, sem dúvida alguma, um Tribunal ter considerado que a prisão preventiva de Paulo Pedroso em Maio de 2003 por suspeita de pedofilia, foi um erro judicial grosseiro, indmenizando-o com 130.000 €uros. Na sequência disso, este político da ala esquerda do Partido Socialista, tem estado na ordem do dia, desdobrando-se em entrevistas e aparecimentos nas primeiras páginas dos jornais e aberturas de telejornais.

Este interesse mediático repentino, pelas boas razões, sobre a figura de Paulo Pedroso, não visa em minha opinião qualquer tentativa da Comunicação Social de se redimir perante evidentes responsabilidades de alguns dos seus orgãos, na publicação de especulações e suposições durante o processo da sua condenação e prisão, que ajudaram, e muito, a denegrir e afundar a sua imagem perante a opinião pública.
Como todo o Poder que se preza, tal qual como acontece com o Ministério Público, a Comunicação Social tem sempre grandes reservas em assumir os seus erros e reparar situações de injustiça provocadas no seu seio.
Agora fez-se alguma justiça apenas em termos de funcionamento da Justiça Portuguesa, embora o processo ainda não tenha sido encerrado devido ao facto de o Ministério Público ter recorrido. De novo a dificuldade em assumir erros por parte de um Poder , mesmo que esses erros sejam considerados grosseiros por um Tribunal independente!
Assim, a acção de reparação de danos, de toda a ordem, provocados a Paulo Pedroso por alguma Comunicação Social, não irá certamente ser feita nos Média mas sim nos tribunais, conforme explicitou recentemente o seu advogado. Esse processo vai continuar e cá estaremos todos para assistir ao seu desenlace.

Uma outra investigação que vai necessáriamente ser perseguida por Paulo Pedroso e pelo Partido Socialista é a célebre história da cabala política montada contra o Partido Socialista, visando as figuras de Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, Jaime Gama e Jorge Sampaio, envolvendo-os directamente no processo Casa Pia.

É um dado adquirido, já afirmado por algumas entidades públicas independentes, nomeadamente o Presidente da Ordem dos Advogados, que teve lugar uma operação montada para prejudicar o Partido Socialista. Esta operação, para ser efectivamente concretizada, como foi, necessitou da colaboração de várias entidades, nomeadamente das áreas, política, judicial, empresarial e comunicação social. Como inventona que foi, existiu certamente uma cabeça que idealizou, planeou e coordenou toda a acção. Certamente que Paulo Pedroso e o Partido Socialista não vão afrouxar a luta no sentido de se saber tudo o que se passou.

Aliás esta deverá ser a obrigação de um Estado de Direito, perseguir até à exaustão o objectivo de alcançar o esclarecimento de toda a verdade deste caso, sob pena, de se estar a condescender com uma situação perversa, que apenas subsiste nas sociedades subdesenvolvidas, isto é, de se permitir a existência de um Estado invisível e maquiavélico dentro do próprio Estado, capaz de afrontar de uma forma ostensiva, desafiante e provocadora os próprios partidos políticos, nomeadamente os que aspiram a exercer funções governativas.

Não se trata neste caso da necessidade da existência de um Ministério Público autónomo,independente do poder político capaz de afrontar os poderosos deste país, que é legítimo e desejável, mas sim da existência de um Ministério Público, sem rei nem roque, que permite a actuação de Procuradores que executam erros grosseiros contra individualidades políticas de um Partido e que afrontam directamente, sem a existência de fundamentos consistentes, a Instituíção Mãe da democracia portuguesa, como é a Assembleia da República.

Não é certamente por acaso que Paulo Pedroso, numa entrevista recente à TSF, admitiu aceitar uma eventual coligação entre Socialistas e o PSD para formação de um Governo, no caso de José Sócrates nao conseguir obter a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas!
Todos sabemos como este país é ingovernável com a vigência de governos de maioria simples. Não só as políticas sociais económicas não têm possibilidade de ser implementadas, uma vez que esbarram num muro de intransigência levantado a partir de uma oposição irresponsável e oportunista, mas o próprio Estado fica enfraquecido e debilitado perante um mar de bloqueios criado por parte de todos os poderes instalados neste país.

Paulo Pedroso sabe perfeitamente que a completa investigação ao processo em que se encontra envolvido apenas poderá acontecer com um Estado forte que não tolere a existência de um outro Estado paralelo pernicioso e com um Governo forte, isento, que concretize a plena implementação e execução das reformas em curso, nomeadamemte a da Administração Pública, da Justiça e da Comunicação Social. Ele também sabe, por causa de todas as vicissitudes por que passou, que está irremediavelmente condenado em não alcançar o topo da sua carreira política. Fundamentalmente, o que lhe interessa é que o próximo governo seja um governo forte venha ele de uma maioria absoluta ou de uma coligação do PS com Deus ou com o Diabo!

No caso de a coligação de governação ser feita com o Diabo, o único risco que ele corre ao não hostilizar tal arranjinho, é que os autores da eventual cabala contra ele e seus correligionários, virem mais tarde, a ser conotados com o próprio Diabo!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Paternalismo do Estado ou dos Detentores do Poder do Estado?

Manuela Ferreira Leite ( MFL)na sua crónica semanal do jornal Expresso resolveu fazer a distinção entre duas formas de Estado, uma que vê o Estado como paternalista tomando para si o direito de interferir na esfera individual, permitindo-se, diz a senhora, legislar, regular, e impor as suas ideias a todos os níveis da vida social e individual, a outra que permite ao Estado criar as condições para que cada um possa ser responsável pelas suas decisões, proporcionando desta forma o desenvolvimento do país. Duas perspectivas, segundo MFL, que se traduzem em modelos diferentes de sociedade, a paternalista, preconizada pelo Governo de José Sócrates e a fomentadora da iniciativa individual, defendida pela própria e por uma facção do Partido a que pertençe.

Parece de facto que a senhora procura a todo o custo mostrar aos portugueses ídeias alternativas que se diferenciem das políticas adoptadas por este Governo na sua governação, o que, manifestamente, até ao momento, ainda não conseguiu! Perante esta inevitabilidade já anunciou que apenas irá anunciar as suas propostas numa fase mais próxima das eleições. Até lá irá imperar apenas o vazio impregnado com algumas tiradas vagas e imprecisas de carácter o mais generalista possível, como é o caso desta crónica.

O que MFL pretende dizer com a distinção das duas formas de Estado anunciadas é que, se alguma vez ela vier a constituir governo neste país, ela irá reduzir significativamente o papel do denominado Estado Providência, com todas as consequências nefastas que isso acarreta em termos de protecção aos mais desfavorecidos deste país. Serviço Nacional de Saúde, Prestações Sociais à Família, Rendimento Social de Inserção, Fundo de Desemprego, seriam de novo equacionados por forma a privilegiar uma menor intervenção do Estado, logo a permitir deixar mais cada um à sua sorte, ou , como ela diz, não deixar que alguém (Estado) tome conta de nós!

O problema de MFL e de todos os seus colaboradores é, para além de evidenciarem uma grande insensibilidade social, não compreenderem a verdadeira natureza humana. De facto, à luz da nossa Constituíção todos os portugueses nascem iguais em direitos, mas o que o quotidiano nos mostra é que alguns são mais iguais que outros!

Os que são mais iguais que outros têm em geral várias proveniências, distribuindo-se pelos que nascem em berço de ouro, pelos que conseguem vencer na vida à custa das suas capacidades, pelos que enriquecem recorrendo a meios pouco dignificantes, enfim a todos aqueles que, neste país, não necessitam propriamente da protecção social do Estado.De fora do clube de privilegiados deste país não poderemos deixar de referir tambem todos aqueles que à sombra dos partidos políticos que têm exercido funções de governação, têm governado a sua vidinha de uma forma muito satisfatória. Também estes, graças ao incentivo dos governos para "promover a iniciativa individual", não necessitaram da protecção do Estado Providência, mas não deixaram certamente de usufruir da protecção dos seus correlegionários detentores do poder.

Os exemplos são mais que muitos, mas é curioso referir o caso do Social-Democrata Angelo Correia, que se gabava um dia destes numa entrevista à televisão de acumular cerca de catorze cargos como Presidente do Conselho de Administração de empresas! É obra!

Aliás este fenómeno de aproveitamento das benesses concedidas pelos detentores do poder político tem normalmente início quando da filiação nas organições das juventudes partidárias, com especial incidência nos partidos PSD e CDS. Estas filiações costumam ser um bom ponto de partida para a obtenção de bons empregos, desde que esses partidos consigam chegar ao poder.

Toda esta gente não necessita de facto do "Paternalismo do Estado" para singrarem na vida, basta-lhes apenas o paternalismo dos servidores do Estado detentores do poder político.

E os outros? Os desfavorecidos deste país que sentem dificuldades e carências de toda a ordem, nomeadamente, económicas, sociais, saúde física e mental, défice cultural, dificuldade de integração na sociedade, desemprego, etc...Estes são os portugueses que não têm ninguém para se socorrer,não têm padrinhos, não têm cunhas para arranjar emprego, não pertencem a partidos, e são normalmente deixados à sua sorte!
Deixar cair nestes casos o "Paternalismo do Estado" e fomentar como diz MFL, a "iniciativa individual", é um exercício de desumanização que fere os sentimentos de todos aqueles que se prezam de ter alguma sensibilidade social.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

O REGIME CAPITALISTA TEM CRISES, O MARXISTA TEM COLAPSOS

É um dado adquirido que o desgaste político do Governo de José Sócrates, motivado pela adopção de medidas de contenção de gastos do aparelho do Estado e pela realização de reformas indispensáveis na Administração Pública, que, de uma forma ou de outra, têm beliscado a vida de muitos portugueses, se tem processado à custa do eleitorado de esquerda que, de acordo com as sondagens publicadas, teria transferido as suas intenções de voto para o Partido Comunista e para o Bloco de Esquerda.

Estes dois partidos, como é sabido, embora ambos actuem no campo ideológico dito de esquerda, o partido Comunista como partido de grande implantação nacional reclamando-se de esquerda, o Bloco Esquerdo como partido mais recente conotado como da extrema esquerda, não têm muitas afinidades ou cumplicidades entre si e podem ser vistos como dois blocos distintos que se confrontam mutuamente em busca de mais espaço no campo um do outro.

De qualquer forma estes dois partidos, o PCP e o Bloco de Esquerda, em termos de sondagens recentes já somam, os dois juntos, cerca de 20% das intenções de votos dos portugueses.Mas, como diz Eduardo Lourenço (EL), conhecido ensaísta e voz muito respeitada no mundo cultural português, não existe qualquer perigo neste momento de um dos partidos vir a ter supremacia sobre o outro ou de qualquer um deles se assumir como alternativa ao centro que tem governado o país nos ultimos anos. Não deixa contudo de notar EL que na Europa, a representatividade das forças que se movem na mesma área ideológica da do PCP e BE no nosso país, é uma excepção. Na Europa, acrescenta, a Esquerda está completamente laminada.

Podemos interrogarmo-nos porque razão acontece isto neste momento em Portugal à revelia do que acontece nos restantes países europeus. Certamente que existem muitas razões concretas que justificam esta atitude dos portugueses e uma delas prende-se, certamente, com o facto de os partidos políticos representativos da direita e centro-direita terem atravessado até à data períodos conturbados na sua vida interna que, no caso do PSD, conduziu a uma crise de liderança sem precedentes. Para este estado de coisas contribuíu de uma forma decisiva o facto de Santana Lopes ter sido apeado do poder pelo Presidente da Répública Jorge Sampaio, na sequência de uma governação de má memória para todos os portugueses.
Nestas circunstâncias é lícito admitir que uma parte do eleitorado descontente com o partido do governo e à falta de melhor alternativa, se tenha recusado a identificar-se com os partidos de direita e manifeste de momento o seu apoio ao PC e ao BE.

Uma outra razão subjacente à transferência de intenção de voto do Partido Socialista para o PC e BE, terá a ver, em minha opinião, com a desilusão que atingiu alguns eleitores de esquerda, tradicionalmente apoiantes do PS, que se sentiram prejudicados com algumas reformas ou medidas de contenção, impostas por este Governo
Contudo não será certamente indiferente a tudo isto a forma populista, demagógica e ardilosa como estes partidos têm conseguido captar a simpatia deste eleitorado, nomeadamente através de uma crítica sistemática às medidas restritivas e impopulares levadas a cabo por este Governo.

Mas voltando aos números, convenha que se diga que 20% do eleitorado declarando a sua intenção de voto nos comunistas e na extrema-esquerda, cerca de dois milhões de portugueses portanto, representa um vasto sector da população portuguesa! É certo que muitos destes eleitores vêm expressando o seu apoio ao PC e BE por motivos de revolta ou vingança contra Sócrates que, na opinião deles, tão mal os tratou. Mas, na altura de votar, irão certamente reconsiderar e não o irão fazer assinalando a cruzinha nos seus símbolos. Contudo, estes índices de percentagem, superando os valores percentuais nos partidos afectos a esta área ideológica nos tempos áureos do PREC,não deixam de nos surpreender uma vez que, entretanto, ocorreu a queda do muro de Berlim e o descalabro do regime comunista na União Soviética e em todos os países satélites da cortina de ferro.No entanto, aparentemente, parece que esse desmoronar do mundo comunista não terá afectado negativamente a imagem desses regimes aos olhos dos portugueses.

Uma explicação plausível para o aumento de votação surpreendente nos partidos de esquerda prende-se também com o facto de o combate político levado a cabo por aqueles partidos contra o Governo não se revestir, inúmeras vezes, de muita seriedade e transparência.
Neste âmbito, a Comunicação Social deverá em parte ser responsabilizada, uma vez que, a maior parte das vezes, perante o discurso de acusação sistemática de tudo aquilo que o Governa faz, não confronta esses partidos com a aplicação prática do modelo ideológico que preconizam e com a apresentação de alternativas credíveis às políticas do Governo.
O Partido Comunista, por exemplo, pode desbobinar vezes sem conta a sua cassete em que denuncia, todas as perversidades do poder económico e de todos aqueles que representam esse poder, nomeadamente os grandes empresários, os elevadíssimos ganhos das grandes Empresas, Grupos Económicos e da Banca, a exploração da classe operária pelos capitalistas, etc,etc,etc... No entanto não é muito comum os jornalistas questionarem esses partidos acerca das alternativas reais que apresentam e confrontarem-nos com as consequências que o país teria que suportar com a debandada em massa dos capitalistas e do capital do nosso país, caso se vislumbrasse no horizonte qualquer possibilidade de um destes partidos assumir o poder no nosso país. Como refrescamento de memória seria útil reviver um pouco o passado durante o PREC, para não haver muitas dúvidas e vacilações.

Os jornalistas, tendo em vista a informação minuciosa e séria dos portugueses, também poderão fazer um outro exercício que consistiria em , em pormenor, fazer reportagens nos países que vivem em regimes idênticos aos preconizados pelos partidos em causa, nomeadamente Cuba e Coreia do Norte, e mostrar a todos a realidade da vivência naqueles países.

O que acontece de facto é que o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, com a complacência da Comunicação Social, não praticam um jogo sério e limpo na confrontação política com o Governo uma vez que atacam permanentemente as falhas e as crises do sistema mas nunca dizem claramente aos portugueses que estão fora dele. Acusam muitas vezes o Governo de atentar contra as liberdades individuais mas não são confrontados com o factos de os regimes que preconizam atentarem contra a democracia.
Atacam o Governo por perseguir uma política de contenção conducente à redução do défice imposta por Bruxelas, mas não explicam aos portugueses, caso fossem Governo, como iriam eles controlar as despesas públicas e simultânemente ter mais despesas com a Educação, com a Saúde e com a Segurança Social, aumentar o ordenado mínimo nacional, aumentar as reformas mais baixas, reduzir a idade da reforma, atribuir mais meios às Polícias, aos Bombeiros e às Instituições de Solidariedade Nacional, etc....... Segundo a cassete a grande solução apregoada vezes sem conta às classes trabalhadoras, seria tirar aos ricos, aos capitalistas, aos grandes empresários e banqueiros e dar aos trabalhadores, reformados e desempregados. A chamada receita Robin dos Bosques! A explicação que é devida aos portugueses por parte destes partidos é que esta reforma nunca poderia ser feita sem um rompimento completo com o actual sistema político de democracia ocidental e com o sistema económico de economia de mercado em que vivemos.

Atente-se no exemplo caricato de o PC e o BE evocarem algumas vezes o exemplo do progresso da Irlanda para denegrirem a imagem do Governo no que respeita à apresentação de alguns índices de desenvolvimento favoráveis àquele país! Perante os Portugueses mais distraídos esta confrontação até poderá resultar porque eles não se irão recordar certamente que a Irlanda não se rege por nenhum regime comunista!
Seria contudo importante lembrar a esses senhores que os sucessos daquele país se devem sobretudo a um pleno exercício de uma bem estruturada política de economia de mercado.

Acima de tudo importa lembrar a esses partidos que a sua estratégia pode perfeitamente passar por, explorar ao máximo as fragilidades e dificuldades da nossa economia, denunciar as situações incómodas de desigualdades que persistem em atingir a sociedade portuguesa, apregoar até à exaustão o atrazo do nosso desenvolvimento face aos restantes países europeus e insistir até à exaustão na crise que atravessam os países ocidentais... contudo é necessário elucidar os portugueses para o seguinte: "Os países ditos capitalistas que se regem por regimes democráticos têm muitas vezes crises que normalmente superam ! Em vez disso os países que se regem por regimes comunistas ou de extrema esquerda normalmente colapsam e nunca mais se levantam!

domingo, 11 de maio de 2008

Um Globo de Ouro para o CARJACKING

Na rúbrica semanal do jornal Expresso intitulada "O Exame do Conselho dos Doze" no qual participam doze figuras públicas, conotadas, maioritariamente, com o PSD, o Dr Pinto Balsemão, um dos elementos integrantes do dito Conselho, elege como tópico do mês, ou seja como tema mais preocupante ou mais importante do mês, o tema da Segurança, Esquadras invadidas, PJ, Carjacking e tribunais.

Por coincidência, ou talvez não, esta é uma temática que colhe a preferência das primeiras páginas de alguns jornais e das aberturas de alguns telejornais desde algum tempo a esta parte. Na SIC, Estação de Televisão da propriedade de Pinto Balsemão, mereceu um especial destaque uma entrevista com um alegado criminoso encapuçado, que virou estrela da TV, cuja principal actividade estaria ligada ao denominado CARJACKING.
Curiosamente, na Internet, as questões relacionadas com a segurança no país também proliferam por tudo o que são blog´s e email´s de diversa proveniência, conhecida ou desconhecida.

Entretanto, as estatísticas anunciadas pelas entidades estatais, insistem em contrariar esta onda de alarmismo que se vem a pouco e pouco instalando na sociedade portuguesa, referindo números que se enquadram na média dos ilícitos criminais de natureza violenta, senão mesmo de gradação inferiores, de anos anteriores. As Entidades oficiais reconhecem no entanto que existem alguns ilícitos criminais novos , como é o caso do CARJACKING, que carecem de ser combatidos de uma forma determinada e estruturada.

Tudo indica, portanto, que estamos na presença de uma campanha orquestrada, mais uma, no sentido de descredibilizar a Justiça no nosso país, atingindo desta forma o Governo de José Sócrates.

A preocupação de Balsemão não será assim, a nosso ver, inocente e não se prenderá, apenas, com aquelas obsessões com a segurança que atingem invariavelmente a maioria dos idosos no nossos país, como se a sua integridade física estivesse permanentemente em risco. Não, a escolha do tema da segurança por parte do filiado numero um do PPD/PSD, Pinto Balsemão, insere-se no contexto da actual luta política, que visa eleger a Dama de Ferro, Manuela Ferreira Leite, como principal oponente de José Sócrates nas próximas eleições legislativas e simultaneamente provocar um desgaste no Governo por forma a facilitar a vida àquela candidata à liderança do PSD.

Ao eleger o tema da segurança como tópico preocupante do mês, Balsemão, como personalidade bem conhecida da opinião pública estará, por um lado, a cavalgar irresponsavelmente na onda alarmista de insegurança, transmitindo essa mesma insegurança a muitos milhares de leitores do seu jornal. Por outro lado, como patrão do império "Impresa" da Comunicação Social, estará a "fazer a mente" de muitos jornalistas funcionários, no sentido de continuarem a dar fôlego e força à campanha em marcha!

É expectável, portanto, que a campanha de alarmismo da insegurança, não só continue como até se intensifique nos tempos mais próximos. As aberturas dos teléjonais e as primeiras páginas dos jornais não vão dar tréguas às polícias e às investigações. É também esperado que os criminosos encapuçados continuem a merecer honras de entrevistas exclusivas na SIC com tratamento VIP.

Será que o Dr. Pinto Balsemão nos irá surpreender com a atribuíção de um Globo de Ouro na Grande Gala da Estação de Carnaxide, ao criminoso encapuçado entrevistado, especialista em CARJACKING? Meus amigos...... isto daqui para a frente....... vale tudo!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

"25 de Abril" sempre.

À data de 25 de Abril de 1974 encontrava-me em missão de serviço na cidade da Beira em Moçambique como jovem Segundo-Tenente da Classe de Marinha, recém saído da Escola Naval, embarcado numa Corveta da Marinha de Guerra Portuguesa. O navio encontrava-se nesse dia em reparação num estaleiro daquela cidade e a notícia foi-nos trazida por um Técnico de uma empresa de reparações mecânicas, que teria escutado uma Rádio Sul-Africana, nessa manhã.

A primeira sensação que tive foi a de uma explosão de alegria não exteriorizada por motivos óbvios. Na Camara de Oficiais, principalmente na presença do Comandante ou Imediato, não se discutiam questões de índole política, muito menos se hostilizava abertamente o Regime. O juramento que tínhamos feito na promoção ao posto de Guarda- Marinha, quando da conclusão do curso da Escola-Naval, não deixava margens para dúvidas! Se por acaso o fizessemos isso teria certamente repercussões negativas na nossa carreira.
Mas isto não significava que alguns dos oficiais embarcados no navio não tivessem já naquela altura alguma consciência política, a maior parte das vezes manifestada em surdina pelo sussuro das músicas do Zeca Afonso e do Adriano Correia de Oliveira.

De entre todos os oficiais do navio talvez eu fosse o mais inconformado e o mais inconsciente em correr riscos, isto porque me recordo perfeitamente de, durante as longas navegações ao longo da Costa de Moçambique, no trânsito entre as cidades da Beira, Lourenço Marques, Nacala, Porto Amélia, Mocímbua da Praia e Palma, no meu posto de Oficial de Quarto na ponte do navio, manifestar frequentemente, perante os Sargentos e Praças no seu posto, de viva voz, a minha indignação e o meu desacordo com a guerra colonial que o Governo Português travava em Moçambique, Angola e Guiné.
A minha atitude era estritamente solitária e o meu compromisso era exclusivamente com a minha consciência.

A minha alegria resultante da boa nova da Revolução dos Cravos que acabara de ocorrer foi assim explosiva mas contida e interiorizada. Explosiva porque os pensamentos chegavam à minha mente de uma forma repentina e incontrolável. Um desses pensamentos era inteiramente dirigido para a recordação das audições secretas da Rádio Moscovo quando adolescente, na companhia do meu pai, e da sensação de medo e nervosismo que isso nos provocava quando confrontados com a possibilidade de sermos descobertos. O meu pai não era comunista nem tinhamos qualquer contacto com comunistas, mas aquela rádio para além de ser a única forma de conhecermos a outra versão dos acontecimentos era acima de tudo um veículo de comunicação que nos situava no mundo de então.
Uma outra ideia que me assaltou foi a necessidade enorme que senti de sair rapidamente do navio e transmitir a bombástica novidade à minha mulher que na altura se encontrava em aulas no Instituto Técnico da Beira que frequentava como estudante do Curso de Química. A partilha daquele momento único e feliz com alguém da minha intimidade era uma necessidade premente!
Outro pensamento que me veio à mente foi o do possível fim da guerra e consequentemente do cessar das minhas incursões nocturnas nos rios do Norte de Moçambique como Comandante da Força de Desembarque, transportando numa dúzia de botes de borracha, um Destacamento de Fuzileiros. Isto causava-me, acima de tudo, um particular alívio e provocava-me uma enorme descompressão e tranquilidade.
Mas os pensamentos naquela hora eram mais que muitos e chegavam em catadupa à minha mente. Contudo, o meu pensamento dominante e a minha maior satisfação prendiam-se com o facto de saber que o meu País iria ser diferente para melhor, iria ser livre, mais desenvolvido, em tudo parecido com aqueles países da Europa que eu, quando cadete da E.N., adorei visitar durante as minhas viagens em navios da Marinha Portuguesa.

Decorridos que são trinta e quatro anos após aquele dia, já na reforma, após uma carreira na Marinha de trinta e cinco anos na efectividade do serviço, eis-me aqui neste espaço de expressão de liberdade, como é este meu blog, interrogando-me sobre a bondade e a justeza da Revolução do 25 de Abril!

Foi um longo caminho que percorremos, com muitos altos e baixos, com uma ruptura clara com sistemas políticos que apregoam a liberdade em voz alta mas defendem em surdina o fim do regime democrático, com revoltas de quarteis que quase conduziram a uma guerra civil, com a subordinação do poder militar ao poder civil, com convulsões sociais de toda a natureza, com alternâncias de poder frequentes entre os dois maiores partidos da democracia portuguesa.......Mas a evolução do País foi, a todos níveis, notável!
Se quizermos fazer um exercício de comparação entre o Portugal de 1974 e a actualidade pudemos constatar que as diferenças são impressionantes! Apenas dois dados que são bem elucidativos: O numero de lares sem electricidade e sem água em 1974 eram cerca de 36% e de 52.6% contra o.3% e 1.5%, respectivamente, existentes actualmente. O numero de licenciados era em 1974 de 49 mil contra 920 mil nos dias de hoje.

Há certamente ainda muito a fazer nos tempos mais próximos, concerteza que há! Mas penso que estamos no bom caminho! As prioridades do momento passam pela contenção orçamental e pelo arrumar da casa, pela reforma da Administração Pública por forma a obter maior eficiência com mais organização e menos recursos, pela consolidação da Segurança Social,pela melhor Formação e Certificação Profissionais,pela melhoria do Ensino, menor burocracia, aumento da produtividade, maior investimento público e privado e pela convergência com os países mais desenvolvidos da Europa.
Se conseguirmos tudo isto no espaço de meia dúzia de anos, e eu estou confiante que vamos conseguir, podemos afirmar com toda a convicção que a Revolução de Abril conseguiu atingir em pleno todos os seus objectivos.

sábado, 19 de abril de 2008

O ABISMO DE MANUELA FERREIRA LEITE

Todos nós, de uma forma ou de outra, nos habituámos a tolerar a falta de rigôr e objectividade por parte dos ferverosos adeptos dos clubes de futebol quando são chamados a dar as suas opiniões sobre os lances decisivos dos jogos que envolvem os clube do seu coração! Apelidamos nós de fanatismo clubista essas atitudes de distorção de factos desportivos favorecendo o próprio clube.
Porém, quando se trata de análise e discussão política, principalmente quando ela é feita por pessoas com influência no partido que até já tiveram responsabilidades governativas,torna-se crucial que esse exercício seja feito com base em critérios de objectividade e rigor e que o fanatismo político-partidário esteja completamente arredado das suas mentes, sob pena de se minar toda a credibilidade que as pessoas nelas depositam e de se afectar negativamente a imagem do partido a que pertencem.
Vem isto a propósito do artigo de opinião que Manuela Ferreira Leite escreveu na edição do jornal Expresso do passado dia 19 de Abril.
Diz MFL: No tempo do Governo de Cavaco Silva, investir em obras públicas era responder às necessidades elementares do país. No tempo actual, com o Governo de José Sócrates, investir em grandes obras públicas que incluem um plano de construção de estradas que em muitos casos constituem alternativas às que já existem, é uma visão retrógrada cujos efeitos a médio prazo trilha o caminho para o abismo.
Por uma questão de enquadramento da tese de MFL, passemos então em revista, em termos sucintos, as obras que o Governo Socialista vai lançar, que na opinião de MFL, vão conduzir o País ao abismo:

- Novo Aeroporto de Lisboa. Percentagem do Investimento Previsto ( PIP) - 8%

- Novas Ferrovias (Comboio de Alta-Velocidade). PIP - 26,3%

- Energia (Construção de novas barragens). PIP - 24.6%

- Água e Ambiente. PIP - 14.1%

- Vias Rodoviárias. PIP - 16.7%

Que se saiba, obras como o novo Aeroporto de Lisboa e o TGV já constavam da agenda dos Governos PSD, do qual MFL fez parte. Como tal, estas obras não estarão em causa e não estarão com certeza a ser questionadas pelo PSD.
Também relativamente à construção de novas barragens, numa altura em que a nível mundial, urge criar formas de energias alternativas ao petróleo,não nos parece que MFL ouse, publicamente, pôr em dúvida, a inevitabilidade e a oportunidade daqueles investimentos.
Resta então a construção de novas vias rodoviárias, incluindo a de uma nova travessia sobre o Tejo, que MFL diz constituírem alternativas das que já existem no País.
Qualquer leigo na matéria ao analisar o mapa dos futuros empreendimentos rodoviários publicado na edição do Expresso do dia 12 de Abril,constata facilmente que 81% das novas vias foram concebidas para beneficiar o interior do País e para servir o terminal portuário de Sines. São os casos da IP2 (Évora/ Portalegre e Celorico da Beira/ Bragança), A4 ( Vila Real/ Bragança) e IP8 ( Sines/Beja ).
Resta a denominada Auto-Estrada Centro que irá ligar Condeixa-a-Nova à periferia do Porto, a qual reconhecemos ir ficar implantada numa zona na proximidade do litoral norte onde existem já como alternativas a A1 e A17. Desconheço os argumentos subjacentes à necessidade da construção daquela via, certamemte que o poderoso Lobby da região de Coimbra e o Governo saberão dar uma explicação plausível. Mas a construção desta via representa um investimento de 740 milhões de Euros, ou seja cerca de 19% do total previsto para o investimento em empreendimentos rodoviários e cerca de 1.8% do total de 39.5 mil milhões de Euros de investimento previsto em todas as obras. Uma gota de água, portanto, num mar de investimentos!
Podemos assim concluir que as afirmações de MFL carecem da mais elementar noção de rigor e objectividade e inserem-se no âmbito da intervenção demagógica que apenas colhe dividendos num sector da sociedade portuguesa menos informado ou que navega nessas mesmas águas de fanatismo político partidário.
Agora o que podemos deduzir de tudo isto é que, insconcientemente, MFL ao referir-se ao trilho do País para o abismo com a execução de todas as obras públicas anunciadas, ela estaria a pensar não no País, mas sim no próprio PSD! Como é que, no futuro, o PSD poderá assumir funções governativas se já não dispôr de obras públicas para realizar, uma vez que as possíveis e necessárias já teriam sido todas concluídas? E o facto das decisões acerca de todo aquele investimento que se anuncia ficar fora da alçada e competência da clientela Social-Democrata? E as cotas voluntárias para o partido que vão baixar drasticamente? E a liderança do PSD em carrocel para encontrar um líder que finalmente suba nas sondagens?
MFL tem de facto razão para falar neste momento em "Abismo", não para o País, mas sim para o seu partido de eleição, o PSD!

segunda-feira, 24 de março de 2008

LES UNS ET LES AUTRES

Clara Ferreira Alves ( CFA) num interessante artigo escrito na sua habitual rúbrica "Pluma Caprichosa" do Expresso com o título Lideranças Acéfalas, dizia que na vivência tumultuosa do PSD ao longo da sua História, ressalvando para o efeito o período de liderança de Cavaco Silva em que este conseguiu meter toda aquela gente na ordem, apenas dois dirigentes conseguiram ser mais inteligentes do que todos os outros, tratando das suas vidinhas e das suas carreiras. O primeiro, Durão Barroso que fugiu para Bruxelas para ocupar um cargo de prestígio, o segundo Marcelo Rebelo de Sousa que percebeu que a sua vocação era estar "fora daquilo" comentando aquilo|

De facto a vida do PSD ao longo da sua existência como partido tem sido marcada por um historial de guerrilhas internas opondo sistemáticamente facções opostas que curiosamente não se sustentam ou apoiam em ideais ou ideologias diferentes mas que se escudam em projectos de lideranças pessoais movendo-se em torno de interesses privados ou particulares.

Em cada momento da vida daquele partido e infelizmente do país, existe sempre uma luta fracticida entre "Uns e os Outros", mas este facto não tem sido impeditivo de vez em quando assumirem funções governativas no país com grandes responsabilidades na condução de políticas conotadas de direita e centro-direita, doseadas de populismo e demagogia e em regra, sem qualquer determinação reformista. Em suma, excluindo o período de governação cavaquista, podemos afirmar que os governos PSD fizerm muito por alguns milhares de filiados no partido que,numa escala piscícola podemos agrupar em Tubarões, Peixe Graúdo, Médio e Pequeno,que trataram de se governar a si próprios, mas não fizeram nada pelo país.

Após a luta feroz entre o apeado Marques Mendes e Filipe Menezes que montou no cavalo do poder do PSD, confronto esse que atingiu contornos pouco dignificantes, assiste-se neste momento ao auge da luta entre Menezes e Barões, Barrosistas e Mendistas. Menezes já disse que não sai nem à bomba. Alguns notáveis da outra facção já predestinaram que Menezes sai antes das próximas eleições legislativas.

Manuela Ferreira Leite dirigente insuspeita do PSD já veio dizer que o partido está dividido entre aqueles que se batem pela defesa de objectivos e de ideais e os outros cuja preocupação principal assenta na obtenção de resultados e na captação fácil do voto. Os primeiros serão os opositores a Menezes os segundos todos aqueles que navegam nas águas de Menezes e Santana. Os primeiros debatem-se por valores e sentimentos os segundos colocam tudo nas mãos do marketing....diz MFL.
Uma coisa é certa, a facção do PSD que MFL defende e que diz debaterem-se por princípios e valores, foi aquela que presidiu aos destinos do País durante os Governos de má memória de Durão Barroso e Santana Lopes que nos brindaram com um Défice de 7 por cento e uma Segurança Social à beira do colapso e que deixaram um rasto de suspeições e de casos polémicos como nunca tinha acontecido com Governo algum, anteriormente. Muitos desses casos encontram-se neste momento em processo de investigação na Justiça.

Ribau Esteves, vice-presidente do PSD, muito recentemente já se veio demarcar dos "Outros" responsabilizando-os pelo caso Somague e acusando-os do cometimento de ilegalidades e de falta de transparência, defendendo-se assim da acusação dos "Outros" de possibilitarem a lavagem de dinheiro com a descentralização do pagamento de cotas através de dinheiro vivo e de utilizarem métodos pouco ortodoxos e menos transparentes.

É de facto confrangedor assistir no dia a dia a este espectáculo mediático! "Uns e Outros" degladiam-se publicamente num confronto de relações pessoais entre figurantes. Não se discutem ideias, ideologias ou reformas, políticas alternativas e muito menos os problemas do país. Discutem querelas respeitantes a cotas, alterações de cores dos simbolos do partido, processos de intenção contra militantes e reclamam mutuamente falta de transparência d´Uns e d´Outros.

Perante esta triste realidade de um partido político reconheço alguma esperteza aos novos dirigentos do PSD ao escolherem o " Marketing" como arma secreta para o combate político que vai endurecer com o aproximar do período eleitoral.
Sendo o historial da existência do PSD, segundo escreve CFA, "uma amostra aterradora da política sem ideologia e sem história, casuística e pragmática arregimentada ao prato do dia e ao governo do mês"...........de facto não existe nada melhor que o "Marketing" para mascarar, encobrir e promover um mau produto!

domingo, 16 de março de 2008

RIBAUDARIA

Ribau Esteves o secretário-geral do PSD afirmou esta semana numa entrevista a uma estação de televisão, que o que faz a diferença entre a governação do partido no tempo de Marques Mendes e a actual sob a liderança de Menezes, é que no primeiro caso as sondagens de opinião pública davam ao Governo de José Sócrates uma maioria absoluta enquanto que agora essas mesmas sondagens apontam para uma maioria simples, concluindo assim que o PSD está no caminho certo para derrotar o PS de Sócrates nas próximas eleições legislativas.

Ribau fez estas declarações precisamente numa semana em que despoletou uma convulsão interna no partido após Menezes ter feito aprovar os novos Regulamentos Internos em que autoriza a descentralização do pagamento de cotas dos militantes do partido e o controlo dos cadernos eleitorais da sede nacional para as sedes locais do partido, reforçando desta forma o poder da cacicagem local.

Perante esta situação Rui Rio, Presidente da Camara Municipal do Porto, já veio dizer que a possibilidade de os militantes pagarem cotas em numerário abre caminho à "lavagem de dinheiro". Esta declaração enfureceu de tal modo LFM que ordenou de imediato à Direcção do Partido para chamar aquele responsável do PSD à sede para dar explicações.

Entretanto Antonio Capucho em oposição directa à promulgação dos novos Estatutos do Partido anunciou a demissão da Concelhia de Cascais e já depois, perante a apresentação de uma nova imagem gráfica do partido, insurgiu-se contra a substituição do laranja pelo azul monárquico no novo logotipo do partido e visivelmente irritado perante a comunicação social desabafou que Menezes iria ser apeado da liderança do partido ainda antes das próximas eleições.

Depois foi o ecoar de uma série de vozes críticas do PSD que não quizeram esconder o mal estar dentro do partido e que teceram considerações pouco abonatórias a Filipe Menezes. Manuela Ferreira Leite, Arnault, Morais Sarmento, Alexandre Relvas, Pacheco Pereira, Aguiar Branco e Alberto João Jardim, todos eles em uníssono se levantaram em coro de protesto contra a situação no partido e contra LFM.

Depois foi a vez dos apoiantes de Menezes, virem a terreiro criticarem e insultarem os Barões do partido que ousaram criticar o Líder. Entre estes, Couto dos Santos, Angelo Correia e Mendes Bota, alinharam mesmo por um tom crítico mais ofensivo e musculado, tendo este ultimo contemplado o colega de partido, Pacheco Pereira, com o cognome de "Cavalgadura do Círculo".

Entretanto Luis Filipe Menezes, para compôr mais o ramalhete ou por outra, o molho de bróculos, em que o seu partido se encontra, resolveu mudar de opinião várias vezes durante a semana sobre variados assuntos. O que chamou mais a atenção dos média foi o facto de no espaço de uma semana ter afirmado em primeiro lugar que o PSD ainda não reunia condições para ser alternativa ao PS na chefia do Governo e em entrevista à RTP, poucos dias depois, afirmar precisamente o seu contrário, isto é que já reunia condições para governar e até com maioria absoluta.
Depois, acossado pelos Barões, ensaiou dar um ar de durão e puxando pelos galões resolveu, para além de ordenar ao Conselho de Jurisdição de chamar Rui Rio para dar explicações, enviar ainda um recado para o interior do partido avisando que tem poder para distribuir "poder", mas apenas para quem se porte bem!
O exemplo acabado de uma perfeita "quadratura do círculo".

Enfim..... uma semana tenebrosa para os sociais-democratas. Em primeiro lugar porque foram levantadas dúvidas no seio do próprio partido sobre a transparência no processo do pagamento de cotas em dinheiro vivo por parte de militantes. Conforme afirmava um articulista na edição do jornal Expresso desta semana, o PSD já não é o "gangue do multibanco" mas sim o "gangue do maço de notas".
Depois, no intervalo de uma semana, o partido é envolvido completamente num clima de bota abaixo de ofensas pessoais por parte dos seus mais ilustres colaboradores, transparecendo para a sociedade portuguesa o eclodir de uma peixeirada mais adequada à vivência de uma associação recreativa de bairro do que propriamente de um partido político nacional.

Lembram-se certamente das afirmações proferidas por Paula Teixeira da Cunha logo após a eleição de Luís Filipe Menezes para a liderança do PSD em substituição de Marques Mendes, levantando sérias duvidas sobre o futuro daquele partido em questões de honestidade política e de transparência de procedimentos! Pois é, num ápice, vieram-me à memória aquelas declarações insuspeitas.

E é no meio deste dilúvio que atinge em cheio a liderança de Menezes à frente do PSD que Ribau Esteves vem afirmar que aquele partido está no bom caminho para derrotar o PS nas próximas eleições legislativas! Olhe sr. secretário geral do PSD, o que eu lhe digo é que o seu partido encontra-se numa verdadeira " RIBAUDARIA" e com o andar da carruagem arrisca-se a que Marcelo Rebelo de Sousa os apeie do comboio laranja a si e ao Menezes e os largue, respectivamente, nas Estações Ferroviárias de Aveiro ( Ilhavo não tem estação) e de Vila Nova de Gaia.

terça-feira, 11 de março de 2008

A DESEDUCAÇÃO

O Programa da Gestão das Escolas, a Avaliação dos Professores, a sua Progressão na Carreira, os Professores Titulares, a dignificação da Classe dos Professores, a humilhação dos Professores........ são a face visível dos motivos de insatisfação dos Professores que têm levado estes, os Sindicatos e os Partidos Políticos da Oposição à contestação nas ruas. Acontece porém que isto não passa tudo de uma grandessíssima treta!

O que está verdadeiramente aqui em causa, conforme escreve Miguel Sousa Tavares na ultima edição do Expresso é que o nosso país é de há muito tempo a esta parte, estruturalmente e mentalmente corporativo e qualquer reforma de fundo que se queira implementar esbarra sempre contra uma feroz resistência. Tem sido assim em todos os sectores: Médicos, Magistrados, Agentes Culturais, Militares e Militarizados, Forças de Segurança e agora com os Professores.
As Corporações conforme diz MST e eu concordo com ele, apenas existem para defender os medíocres, os "deixa andar" e os incompetentes! Enquanto é tempo, está na hora de as colocar no seu devido lugar, a fim de não prejudicarem irreversívelmente o tão desejado desenvolvimento do País.

Analisemos sinteticamente em rectrospectiva o que se passou nos ultimos trinta anos no sector da educação!

As equipes governamentais do sector pertenceram maioritariamente ao PSD e normalmente nunca aqueciam muito o lugar! Sempre que tentavam implementar uma ou outra medida mais polémica, esbarravam na resistência dos Sindicatos liderados durante muitos anos pelo comunista Paulo Assucena e pela social-democrata Manuela Teixeira. O pacto entre os comunistas e os sociais-democratas ia no sentido da manutênção de uma paz pôdre onde não se levantavam muitas ondas contra a classe dos professores e se entregava a gestão das escolas a professores maioritariamente conotados com o partido comunista. Na prática mandavam de facto na Educação, ou na DESEDUCAÇÃO ( como queiram) no nosso país, aquelas duas figuras, que durante anos exerceram esse poder.

O modelo da Gestão das Escolas em vigor até à data assentava na figura de um Conselho Directivo eleito pelos professores que se eternizava normalmente por sucessivos mandatos uma vez que aquelas responsabilidades não eram normalmente requeridas ou cobiçadas pela grande maioria dos professores.
Isto possibilitou que os comunistas, pela sua capacidade de mobilização e organização, liderassem e integrassem em larga maioria aqueles Conselhos Directivos nas Escolas e fizessem vingar uma denominada política "democrática" nas escolas delineada e controlada no quartel general do antigo Hotel Vitória na Avenida da Liberdade, contra a qual os sucessivos Governos do PS e PSD pouco ou nada puderam ou quizeram fazer.

Todas as políticas respeitantes ás Carreiras dos Professores, Vencimentos, Programas de Ensino, Manuais Escolares, etc... passavam inevitavelmente pelo crivo da sindicalista Manuela Teixeira e dos seus colaboradores do PSD que mandavam efectivamente naqueles domínios. Verdade seja dita que durante todo este tempo que decorreu após o 25 de Abril os professores nunca foram muito afectados nas suas regalias e conseguiram até, ao longo de todo este tempo, consolidar um estatuto favorável, comparativamente a outros sectores do Estado que foram nítidamente prejudicados.

Tudo isto conjugado resultou no panorama que actualmente configura o funcionamento das escolas e o estado do ensino no nosso país. E como todos nós sabemos o panorama não é nada famoso! Em traços gerais, pese embora os gastos do Estado com a Educação em termos de percentagem do PIB se insiram na média dos países mais desenvolvidos da União Europeia, se pode caracterizar da seguinte maneira:

- Maior taxa de abandono escolar de entre todos os países da UE
- Eficácia da aprendizagem por parte dos alunos altamente deficitária
- Elevado défice de autoridade e de organização nas escolas
- Grau elevado de indisciplina dos alunos
- Absentismo de professores às aulas acima do tolerável

É evidente que alguma coisa tinha que ser feito contra este estado de coisas e todas as reformas que este governo em boa hora tem vindo a implementar vão corajosamente nesse sentido. Aulas de Substituição, Diploma Orgânico da Gestão das Escolas, Sistema de Avaliação dos professores não são mais do que ferramentas para concertar tudo aquilo que sentimos que vai mal na Educação.

A criação do cargo de Director da Escola nos moldes em que tem vindo a ser anunciado, garante assegurar nas escolas um modelo de organização do seu funcionamento que permita combater alguns dos factores perniciosos acima referidos, nomeadamente, o restabelecimento da autoridade do professor e da disciplina dos alunos. É evidente que a figura do Director pressupõe que a sua eleição recaia num docente competente com experiência de leccionar, com conhecimentos de gestão e organização e, acima de tudo, sensato e com capacidade de liderança. Quando isto por qualquer razão não acontecer e os resultados nas escolas não registarem melhorias, deverão estar criados os mecanismos conducentes à sua sustituição, como acontece em todos os outros sectores de actividade.

Quanto ao Processo de Avaliação dos Professores dizemos que ele é absolutamente essencial! O laxismo actualmente existente nas escolas, a falta de motivação dos professores, o seu elevado absentismo às aulas, etc.... tudo isso são factores que poderão ser melhorados com a introdução de um processo que estimule os professores a fazerem mais e melhor, que diferencie e recompense de alguma forma os melhores, que combata a praga das faltas às aulas por parte de professores. Em suma, um processo que permita dignificar mais a classe dos professores e devolva a confiança dos portugueses pela Escola Pública.

Quanto ao facto de a avaliação ser feita por colegas professores, convem recordar que é assim em todo o lado. São os colegas mais antigos, mais experientes, mais prestigiados, que normalmente são investidos dessas funções e assumem estas responsabilidades. Certamente que no futuro, com a nova Organização das Escolas a funcionar em pleno, serão criados mecanismos em cada Escola para que os Chefes de Departamento responsáveis pela avaliação dos colegas sejam escolhidos em função de um conjunto de aptidões por forma a reforçar a credibilidade do Sistema de Avaliação. Em meu entender o cargo de Chefe de Departamento deverá ser compensado em horas lectivas e em remuneração.

Agora, se os moldes da avaliação e os seus timing´s para a sua aplicação são ou não os mais adequados é tudo uma questão de estratégia de combate da aplicação das reformas por parte de Partidos, Sindicatos ou Associações de Professores ou uma questão de confiança dos Professores na Equipe do Ministério da Educação.

Quanto à questão da estratégia de combate às reformas ela insere-se no campo da luta política e até ao momento temos visto de tudo! Em termos gerais temos visto uma violenta reacção dos partidos à esquerda do PS uma vez que se trata da sobrevivência de um feudo ainda afecto ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda. Temos visto igualmente uma vergonhosa e cobarde colagem dos partidos de direita ao PCP e à FRENPROF.

No que respeita ao modelo de avaliaçãp proposto pelo Governo dizemos que o Ministério tem toda a legitimidade para o propôr e concerteza que não o fez de ânimo leve sem se escudar em teorias conceituadas de gestão de recursos humanos. Já todos ouvimos representantes de prestigiadas empresas do sector elogiarem o Modelo de Avaliação apresentado por Maria de Lurdes Rodrigues, inclusivamente ouvimo-los tecerem considerações acerca da simplicidade do modelo. E o que é um facto incontornável é que até ao momento não foi apresentado, por parte dos Partidos Políticos, Sindicatos ou Associações de Professores, nenhum modelo de avaliação alternativo.

Quanto ao timing da sua aplicação julgo também que isso não será mais problema uma vez que já se ouviram representantes do Ministério e do Governo falar em flexibilidade para acolher sugestões dos Sindicatos e dos Professores.

Portanto, façam favor de me desculpar os Velhos do Restelos e os ferozes opositores da introdução das reformas para a Educação propostas pelo Governo de José Sócrates, mas vão ter mesmo de as engolir, quer queiram ou não queiram,...... e a bem do Sistema de Ensino no nosso País.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O problema de Manuela Ferreira Leite

No artigo semanal que assina no jornal Expresso, na edição desta semana, Manuela Ferreira Leite (MFL), assinala uma falha na governação de José Sócrates, que diz ser um problema do próprio 1ºMinistro, que se prende com o facto de, na sua opinião, existir um divórcio entre o que o governo anuncia e aquilo que as pessoas sentem, entre a aparência e a realidade!

É evidente que todo o conteúdo da crítica desta dirigente do PSD que exerceu o cargo de Ministra das Finanças no Governo de Durão Barroso, já conotado como o Governo onde ocorreram os maiores escândalos em todo o tempo de democracia portuguesa, assenta na interpretação exacta do sentido da frase "Aquilo que as pessoas sentem".

Então eu questiono qual a credibilidade desta responsável partidária, que certamente irá negar a pés juntos, qualquer responsabilidade nos casos polémicos do governo a que pertenceu, para aferir da percentagem de pessoas que não se revêm nas medidas que o Governo anuncia! O sentido que ela demagogicamente pretende transmitir é que será a maioria das pessoas, senão todas ( para os mais distraídos)!

É evidente que MFL sabe perfeitamente que a maioria dos portugueses continua a dar o seu aval às políticas de reformas que José Sócrates está a levar a cabo. Pelo menos as sondagens publicadas até ao momento assim o confirmam! Os portugueses não são parvos, sabem que este país é ingovernável sem maioria absoluta e que este momento constitui uma oportunidade única de arrumarmos a casa e de se efectuarem as reformas estruturais necessárias para o desenvolvimento do país! O tempo da venda dos imóveis do Estado para equilibrar as contas públicas já lá vai!

Então a que pessoas é que MFL se refere como desagradadas pela acção do Governo?

Naturalmente, em primeiro lugar, àquelas que legitimamente se manifestam ruidosamente nas ruas, convocadas (por avisos ou por telemóveis) por sindicalistas e activistas de partidos políticos da oposição, maioritariamente do partido comunista. Sindicalistas e activistas comunistas que MFL numca tolerou e nunca quiz ver nem pintados quando no exercício de funções governativas.

Em segundo lugar aos militantes de partidos e activistas políticos profissionais que através de Blog´s, emails de divulgação multipla ( com ameaças de apagamento de discos rígidos caso não procedam à sua divulgação), crónicas dos jornais e intervenções radiofónicas, procuram descredibilizar os governantes e tentam confundir as pessoas e minar a sua confiança nas políticas reformistas do Governo.

Em terceiro lugar a alguns profissionais descontentes, prejudicados de alguma forma nos seus privilégios ou pseudo-direitos com as reformas introduzidas por este governo, que procuram sempre que podem, intervir nos média e apregoar o seu descontentamento. Incluo neste rol, profissionais liberais, magistrados do Ministério Público, Médicos e Enfermeiros de Hospitais e Centros de Saúde, Professores, Militares e Militarizados e Autarcas.
É evidente que é muito difícil por parte de algumas pessoas a aceitação de ânimo leve, de perda de regalias, principalmente quando não existe uma cultura de privilegiar o colectivo em detrimento dos interesses individuais.
Convenhamos no entanto que se diga, que a maioria do povo português compreende as medidas porque sabe que o dinheiro cobrado em impostos tem que ser gerido com maior rigôr, sem esbanjamentos, e aplicado por forma a melhor servir o interesse colectivo.

Portanto quando MFL diz que as pessoas estão divorciadas das políticas deste Governo, ela está-se a referir, embora não o admita por falta de honestidade política, a uma minoria da população portuguesa, maioritariamente conotada com partidos políticos, particularmente activa e interventiva!

No entanto, se neste momento, aqui e agora, eu afirmar que «as pessoas deste país» estão indignadas com a sucessão de escândalos de corrupção e não só, que ocorreram no seio do Governo de Durão Barroso do qual MFL fez parte......eu não estarei a faltar à verdade se dizer que o sentido da expressão "as Pessoas" quer mesmo dizer 90% da população portuguesa.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

A ARTE DA FUGA PARA A FRENTE

Santana Lopes, useiro e vezeiro dos maiores malabarismos políticos para que não seja apanhado com as calças na mão, impressionou esta semana mais uma vez tudo e todos quando propôs no Parlamento ao PS que fosse constituída uma comissão de acompanhamento dos crimes de corrupção no nosso país. Para o efeito mencionou alguns dos casos mais badalados durante a semana que atingem o seu Partido e o CDS. Com a desfaçatez que o caracteriza colocou também no mesmo saco a alegada acumulação das actividades pública e privada pelo ex-deputado José Socrates.
Ora o senhor deputado Santana Lopes, mesmo contando com ajuda de alguns ( felizmente poucos) analistas, cronistas e jornalistas, nomeadamente dos jornalistas do Expresso que assinam nesta ultima edição daquele jornal um artigo intitulado «Mau estado da democracia preocupa Cavaco», não vai conseguir confundir os Portugueses acerca de todos os casos de corrupção que ultimamente têm vindo a ser badalados!
É que o caso de Sócrates, que constituíu mais uma sórdida tentativa orquestrada do Jornal Público e do clã proprietário daquele jornal de difamar a figura do Primeiro Ministro, morreu na praia porque felizmente a opinião pública já começou a perceber algumas das manobras de bastidores levadas a cabo com o intuito único de desgastar o Governo. Este caso que referem alegados actos realizados como técnico municipal, a serem verdadeiros, não levantam qualquer questão do foro legal mas apenas poderão levantar duvidas sobre questões de carácter. Mas, neste casos como nos outros anteriores, nunca foi apresentada qualquer prova. É a palavra do jornalista a soldo contra a de José Sócrates que nega.
Os outros casos que estão na ribalta mediática e que envolvem exclusivamente figuras dos Governos PSD/CDS, são casos de corrupção de extrema gravidade com uma tal dimensão que podem afastar os partidos da governação deste país nos próximos tempos. E a maioria destes casos estão em processo de investigação na Justiça.
Passemos então em revista os casos mais importantes com o intuito de aquilatar a sua gravidade:
O caso Telmo Correia. O artigo publicado no Expresso sobre o assunto com o título «Estoril- Sol só precisava do "Visto" de Telmo Correia», é bem elucidativo acerca da existência de fortes índicios criminais neste processo do Casino Lisboa.
Portanto, a confirmarem-se estas suspeitas não são apenas as figuras de Paulo Portas e Telmo Correia que estão em cheque são também os figurões do PSD que chefiavam o Governo naquela altura, nomeadamente Santana Lopes.
Quanto aos casos trazidos a público pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, à excepção do respeitante à venda de um edíficio público em Coimbra, em que alegadamente envolve dois dirigentes locais do PS e do PSD, todos os restantes envolvem dirigentes do PSD e CDS e comprometem seriamente a actuação do Governo de Durão Barroso e Santana Lopes.
A tentativa de delapidação da cúpula do Partido Socialista quando da incriminação de Ferro Rodrigues, Jaime Gama e Paulo Pedroso no caso Casa Pia é de uma gravidade extrema e configura a existência de vários ilícitos criminais que envolvem directamente o então Chefe da Polícia Judiciária, Salvado, e a Ministra da Justiça Celeste Cardona, e indirectamente os principais responsáveis pelo Governo PSD/CDS.
O caso «Portucale» que pese embora o Ministério Publico ter ilibado os ex-ministros Telmo Correia e Nobre Guedes é referenciado pelo Bastonário como um descarado acto de tráfico de influências entre o poder político e o poder económico, entre o público e o privado. Aliás o relatório final da PJ recomendava que estes governantes fossem acusados de abuso de poder.Este processo encontra-se agora na fase de instrução no Tribunal Central.
Outro caso relatado por Marinho e Pinto,e inserindo-me no mesmo tipo de denúncias que o anterior, pese embora não tivesse referido nomes, foi o de Ferreira do Amaral, ex-ministro do Governo PSD/CDS que enquanto titular do Ministério das Obras Públicas assinou contratos de concessão com a Lusoponte e que mais tarde veio a assumir o cargo de administrador daquela empresa, encontrando-se neste momento a rever com o actual Governo aquele mesmo contrato. Este caso é referido pelo bastonário como um caso de corrupção uma vez que como ministro define os termos em que vai negociar o contrato de concessão a uma empresa privada e depois esta empresa fica tão agradada com os milhões de Euros que arrecadou que resolve retribuir a benesse contratando o ex-ministro para seu administrador.
Bem todos estes casos , para já não falar do que aconteceu com a governação PSD da Camara de Lisboa cujo alegado caso de corrupção, envolvendo os seus principais responsáveis, irá ser julgado nos tribunais, são bem elucidativos do lamaçal que envolve as hostes do PSD, daí a preocupação de Santana Lopes sentir necessidade de adoptar uma estratégia de ataque no Parlamento ao propôr medidas para acompanhar o processo da corrupção em curso, que mais configura um sintoma de pânico de « Fuga para a Frente» do que propriamente um acto de coragem política.
Agora perfeita, perfeita, perfeita...... foi a táctica seguida pela alma gémea de Santana Lopes e braço direito de Filipe Menezes, Rui Gomes da Silva , de rumar em direcção à Ordem dos Advogados, e ir ao beija-mão do novo Bastonário, naturalmente com a intenção de sinalizar uma colagem do PSD às denuncias de Marinho Pinto!
É muita cara de pau! Atenção Progamas Contra-Informação, Gatos-Fedorentos, Malucos do Riso e Herman-José....não percam esta!

domingo, 27 de janeiro de 2008

CRONISTAS, ANALISTAS E JORNALISTAS

Um conhecido cronista do Semanário Económico de nome Duque ( João), inventor da teoria da conspiração do Governo no assalto`ao BCP, escreveu recentemente um artigo naquele semanário onde descreve a sua indignação pela nomeação de Armando Vara para a administração daquele banco. Confessa ele, no meio de uma série de supostas perguntas inteligentes dos seus três sobrinhos (não esclarece se são da JSD), que A. Vara é dotado de quatro qualidades de indiscutível mérito e utilidade para o negócio bancário, a primeira das quais prende-se com o facto de ele ter o nºde telefone do Eng. José Sócrates memorizado no seu telemóvel. As outras qualidades que descreve estão todas elas relacionadas com o facto de os dois serem amigos de longa data, insinuando desta forma, maldosamente, que Armando Vara não tem qualificações para o cargo que vai exercer e que foi Sócrates que o pôs nesse lugar.
Aliás este artigo cavalga na onda de um mar de críticas e de acusações de outros cronistas, analistas e jornalistas a soldo, naturalmente da mesma área política, que nos ultimos tempos vem atingindo a pessoa de Armando Vara.
Curiosamente o Jornal Expresso na sua edição desta semana, publica um artigo de uma página inteira sobre aquela figura pública, descrevendo o seu trajecto profissional e político e o circulo das suas amizades no Partido Socialista.
Em toda a descrição da sua vida pessoal e profissional não consegui descortinar qualquer aspecto menos positivo na sua carreira que o pudesse comprometer em termos éticos, de carácter ou profissionais. Pelo contrário são visíveis naquela descrição muitos aspectos positivos, nomeadamente no que respeita à sua determinação, capacidade de trabalho, carácter e capacidade de relacionamento.
Uma ascensão devida em certa medida ao circulo das suas amizades dentro do partido socialista? Concerteza, mas essa ascenção deve-se também a muito mérito da sua parte. E depois eu pergunto quais são as carreiras brilhantes dos bem sucedidos do nosso país que não contaram com a ajuda preciosa, em alguma fase das suas vidas, de uma ferramenta tão essencial como a amizade dos outros? Promiscuidade entre a política e o mundo dos negócios, que é uma coisa absolutamente condenável, não vejo neste caso o mínimo indício de que isso possa ter acontecido! Se sabem de alguma coisa então que digam...
Agora porque é que estes senhores cronistas, analistas e jornalistas a soldo não falam de casos conhecidos de verdadeira promiscuidade entre a política e os negócios e preferem antes debruçar-se sobre estes casos de lana caprina só porque pretendem atingir o 1ºMinistro? O Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados veio agora falar disso e não esconde ou omite nomes nem partidos.
Passemos então em revista alguns casos que estarão certamente em foco nos próximos tempos:

- Um Senhor que foi Ministro das Obras Públicas de um Governo de maioria PSD e que com estas funções concebeu e assinou um contrato com a Lusoponte para definir a forma de financiamento pelos utentes e pelo Estado das duas travessias sobre o Tejo existentes à data, foi posteriormente nomeado Administrador daquela empresa, após ter sido exonerado do cargo de Ministro. Uns anos mais tarde este senhor volta à ribalta mediática porque vai ter que negociar com o Ministério que outrora lhe pertenceu, para acertar algumas clausulas do referido contrato em virtude da futura construção de uma nova ponte sobre o rio Tejo.

- Um Ex- Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo de Cavaco Silva, um conhecido militante do PSD, após ter abandonado funções resolveu fundar um banco recorrendo a uma suposta Sociedade Lusa de Negócios (SLN), empresa que chegou a ter cerca de quatrocentos accionistas mas que nunca se chegou a saber quem estava à frente dessa sociedade. O banco que viria a ser conhecido pelo banco do PPD/PSD, por onde foram passando algumas figuras daquele partido, nomeadamente o Dr. Dias Loureiro, está neste momento sob suspeita das entidades de Supervisão por alegadas irregularidades com «off shores»

- Um Ex- Ministro da Administração Interna de um Governo PSD, também ele militante daquele partido e actual conselheiro do seu actual Presidente, Luis Filipe Menezes, orgulha-se de ser Administrador de cerca de catorze empresas privadas.

- Estariamos certamente aqui a falar muito tempo acerca destes casos, curiosamente todos eles envolvendo personalidades do PSD, cuja linha de fronteira entre o mundo dos negócios e a política é de caracterização muito duvidosa.

O Articulista do Semanário Económico, João Duque, questiona-se no artigo acima mencionado qual a resposta que deverá dar aos seus sobrinhos acerca das questões por eles levantadas sobre os eventuais compadrios existentes na política? Alias o título do artigo é : E agora o que eu lhes digo?
Eu sugiro que lhes diga o seguinte: Olhem meus meninos, o Armando Vara ao pé destes notáveis do PSD é um autentico menino de coro.... e se vocês querem de facto subir na vida aconselho-os a irem mesmo colar cartazes... mas pelo PSD. Mais tarde ou mais cedo voltarão a enganar os Portugueses|

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Dos irresponsáveis e demagogos não reza a história!

Caminhamos a passos largos para uma recessão económica mundial com começo nos Estados Unidos. Pelos menos é assim que pensam a maioria dos economistas de renome mundial. A crise do crédito de alto risco nos EUA não tem fim à vista e ameaça contagiar outros países.Os Governadores dos principais bancos centrais mundiais estão atados de pés e mãos não sabendo ao certo qual o principal alvo do seu combate, se a inflação se a recessão. As bolsas mundiais não param de descer e as europeias tiveram esta segunda-feira um colapso. Alguns analistas falam mesmo da possibilidade de surgir a nível mundial uma recessão profunda em tudo semelhante à que ocorreu nos anos vinte.......
O panorama internacional é pois muito negro e ninguém arrisca um prognóstico para a dimensão e para a duração da crise!
Entretanto aqui no nosso cantinho à beira mar plantado, a irresponsabilidade e a demagogia grassa por toda a comunicação social, jornais, revistas e televisão, dando eco e relevãncia crescente a todos os que orquestradamente, a mando das máquinas partidárias da oposição, se insurgem cenicamente contra a inceneração de matérias perigosas nas cimenteiras, contra o fecho das urgências em Centros de Saúde na Província, contra o aumento da idade da reforma, contra as pensões de miséria, contra a carga fiscal sobre as empresas e sobre os portugueses, contra as reformas na Educação, contra a ofensiva da ASAE no controle da "mixordice" nos restaurantes, contra a lei anti-tabágica, contra as expressões faciais dos ministros,contra a arrogância do 1º Ministro, etc...etc...etc....
O Governo aparentemente indiferente a tudo isto, lá vai executando a sua governação e anunciando a par e passo as suas políticas e as medidas para a sua implementação.
Uma das ultimas declarações do Governo, através do Ministro das Finanças, foi anunciar que o Défice orçamental de 2007 iria ficar claramente abaixo dos três por cento.Logo a seguir, alguma comunicação social avançava com o numero de 2.5% para o défice em 2007.
Seja como fôr, este nível de valor conseguido para o défice, e tendo em atenção que não houve por parte do Governo, abrandamento para a política de impostos e salários para o ano de 2008, deixa-me a mim, cidadão responsável deste país, bastante tranquilo e confortável quanto às nossas condições estruturais para enfrentarmos o pior que aí venha em termos da economia mundial.
Depois, por outro lado, a amplitude das reformas levadas a cabo pelo Governo ao nível da Saúde, Educação, Administração Pública e Segurança Social, pese embora o movimento orquestrado que por aí vai contra essas reformas, permitem-me acalentar a esperança que a despesa irá ser controlada no futuro, que em função disso a carga fiscal poderá diminuir e que estamos no bom caminho para não comprometer o futuro das gerações vindouras.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Os tambores de guerra da sucessão no PSD já rufam!

Ribau Esteves,o Presidente do PSD,também conhecido por Berimbau Esteves do Contra-Informação e pelo Bacalhau Seco na região das Gafanhas na Ria de Aveiro, donde é natural, veio à televisão, muito solenemente, fazer um ataque serrado ao Governador do Banco de Portugal pelas suas alegadas influências no processo de estabilização do BCP, em curso.
O contraste com a sua outra postura descontraída no comício do PSD em Ilhavo quando chamava a atenção dos apoiantes para o facto de "quando se quer comer uma gaja boa é necessário, previamente, rodeá-la, fazer-lhe a côrte, enfim namorá-la, antes de se prosseguir com os intentos", é mais que evidente!
Bem mas desta vez, na sua intervenção na TV, não pronunciou quaisquer alarvidades ou termos indecorosos. Até parecia muito convicto do que estava a dizer! Porém, não faltaram no seu discurso, omissões, insinuações maldosas e até ameaças ridículas! Digamos que em questão de princípios o discurso mantem a mesma linha!
Começou no seu discurso por relacionar directamente o financiamento por parte da CGD de accionistas do BCP com a actual conjuntura de desestabilização deste banco.
A CGD já veio dizer que essas operações de crédito tiveram lugar muito antes de ter deflagrado a crise no BCP.
Insinuou depois que a autorização de concessão crédito da CGD teria sido concedida por Armando Vara que detinha o pelouro do Departamento responsável. Falso, porque segundo comunicação da Admnistração da CGD aquele administrador nunca esteve ligado à area de concessão de crédito.
Afirmou com todas as letras que o Governador do Banco de Portugal congeminou toda uma estratégia para que o BCP fosse governamentalizado e mais.... de uma forma absolutamente indecorosa, deu um prazo de horas para o Dr. Vitor Constâncio vir prestar declarações ao Parlamento!
Curioso foi que em toda aquela algaraviada que pronunciou não se ter referido uma unica vez, aos graves delitos que foram cometidos por accionistas importantes do Banco e que se encontram em processo de investigação.
É evidente que esta ofensiva do PSD e toda a estratégia elaborada insinuando que o Governo estava a interferir no BCP, visaram criar as condições para a elaboração de uma lista candidata à administração do principal banco privado português afecta ao PSD, como é a lista liderada por Miguel Cadilhe.A Crise em que o BCP está mergulhado, para estes senhores, não interessa nada; Os graves delitos que foram cometidos no banco, também são pouco relevantes; A descredibilização do sistema financeiro português também é coisa de menor importância! A derrapagem do valor das acções do BCP...idem! Agora o que é realmente importante para o PSD é não se deixar ultrapassar pelo PS e garantir a PêPêdilização do maior banco privado português. O Interesse Nacional...? bem esse também interessa mas apenas quando forem novamente detentores do poder!
Em toda a história da democracia portuguesa é a primeira vez que um partido político faz campanha e apoia uma lista de candidatura à Administração de um banco privado.
É por estas e por todas as outras é que os críticos internos começaram já a fazer ouvir a sua voz. Pacheco Pereira já disse: O PSD é um partido muito volátil e que é provável que Menezes caia antes das próximas eleições legislativas.
De acordo com a ultima edição do jornal Expresso, os tambores anunciando a guerra da sucessão a Luis Filipe Menezes já começaram a rufar para os lados do Porto!....