segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PSD, amostra aterradora da política casuística

O PSD orquestrou toda uma campanha eleitoral baseada na denominada política de verdade e no papão da alegada asfixia democrática. Compreende-se que na falta de um programa de governo competente e credível e da apresentação de ideias que concedessem aos portugueses algumas razões para acreditarem que a sua vida poderia melhorar, o PSD tenha enveredado por uma estratégia de procurar denegrir e desgastar a imagem de Sócrates e do Governo PS, recorrendo para o efeito ao lançamento de campanhas, slogans e frases feitas. Acontece que os termos Verdade e Asfixia Democratica serão aqueles, porventura, os menos eficazes e menos transparentes, isto porque, o passado, a postura e a actuação do PSD compromete toda a credibilidade dessa mensagem.
Analizando todo o período da governação PSD pós Durão Barroso e posteriormente a actuação daquele partido como oposição ao Governo de Sócrates,constatamos que eles não foram nada abonatórios para a afirmação e credibilização daquele partido.
Recordemos apenas os casos que resultaram nas demissões dos ministros Pedro Lynce, Martins da Cruz, Isaltino de Morais, durante o Governo de Durão Barroso e toda a situação política e social que envolveu Santana Lopes como sucessor de Durão e que provocou a sua exoneração para constatar que a sua gravidade e importância aconselhava a inviabilização de qualquer estratégia que passasse pela descredibilização do adversário, neste caso de José Sócrates, a não ser que houvessem motivos e factos que pudessem com verdade e seriedade sustentar e fundamentar aquela tese.
Posteriormente a opinião pública teve conhecimento dos sucessivos escândalos que envolveram dirigentes e ex-governantes do PSD e CDS, nomeadamente os casos Portucale, Casino de Lisboa, Camara de Lisboa, Camara de Oeiras, Camara do Funchal, Camara de Gondomar, Somague ,Banco Português de Negócios e Sociedade Lusa de Negócios. Em todos estes casos foram constituídos arguídos ex-governantes e altos responsáveis de Governos do PSD e CDS. Ultimamente veio a lume mais um escandalo que acabou por comprometer ainda mais a denominada campanha de verdade encetada pelo PSD. Tratou-se do caso da compra de votos de militantes do partido destinada a colocar em lugares chave da estrutura do partido determinadas figuras. Neste processo estarão envolvidas dois responsáveis do partido, António Preto e Helena Lopes da Costa, colocadas na lista de deputados por Manuela Ferreira Leite.
A tentativa de comprometer e descredibilizar José Sócrates começou bem cedo! Diriamos mesmo que começou durante a campanha para as eleições legislativas em que o PS obteve a maioria absoluta com os casos das suspeições sobre a vida pessoal de Sócrates e logo a seguir com o caso Freeport. O mentor e operacional destes casos foi, como é do conhecimento público, o próprio Santana Lopes. Recordemos que foi um deputado do PSD e assessor de Santana, quem promoveu, juntamente com um autarca do CDS, a célebre reunião com a inspectora da PJ de Setúbal, que culminou com o aparecimento de uma carta anónima que originou a abertura na Justiça do processo Freeport.
Durante o Governo de Sócrates sucederam-se os casos criados, divulgados e empolados, cujo objectivo único era minar a confiança dos portugueses relativamente a José Sócrates e preparar a sucessão do Governo PS por um Governo do PSD liderado por Manuela Ferreira Leite. Para isso o PSD contou com a acção contestatária nas ruas promovidas e preconizadas pelo PCP e BE e com o apoio de alguns meios de Comunicação Social, como o jornal Público e a TVI e de alguns jornalistas dos quais se destacaram Manuela Moura Guedes, Mário Crespo, António Ribeiro Ferreira e Constança Cunha e Sá.
Durante o último ano de governação de Sócrates, no meio de uma crise económica internacional classificada como uma das maiores desde a ocorrida nos anos vinte, e após o desgaste do Governo resultante da aplicação de reformas estruturais que afectaram de alguma forma privilégios adquiridos por parte de professores, magistrados, militares e militarizados e outros, ganhou forma e consistência uma outra campanha, que teria sido concebida e planeada para dar a machadada final na credibilidade do 1º Ministro. Essa campanha conduziria, no entender dos seus mentores, à perda das eleições por parte do PS. A estratégia passaria pelo levantamento de suspeições por parte da Presidência da República que o Governo teria colocado escutas em Belém com o objectivo de espiar e controlar os movimentos do Presidente e dos seus Assessores. Este facto a ser divulgado e empolado, encaixava que nem uma luva na campanha do PSD, que insistentemente falava na política de verdade e na asfixia democrática que supostamente existiria no país. Tudo isto, que iria supostamente acontecer e rebentar na ultima semana da campanha eleitoral, iria, no entender dos estrategas da campanha do PSD, captar os votos dos indecisos e descontentes, votos esses que seriam preciosos para garantir uma maioria simples para o PSD.
Aconteceu, porém, que alguém, num rebate de consciência, teria divulgado o email interno do jornal Público que punha a nu toda a tramoia utilizada entre Assessores da Presidência afectos ao PSD e o próprio Jornal responsável pela divulgação da notícia das escutas. A partir daí, com a pressão da Comunicação Social em cima do Presidente, alguma coisa teria que acontecer. E o que aconteceu, pelo menos até ao momento, foi simplesmente o despedimento do braço direito de Cavaco ao longo de vinte anos, o Assessor Fernando Lima.
Como poucos acreditam que Cavaco estaria conivente com toda a tramoia urdida para entalar José Sócrates, o que ressalta de tudo isto é que Cavaco, a quatro dias das eleições legislativas, ao tomar a atitude que tomou, tirou o tapete debaixo dos pés a Manuela Ferreira Leite, deitou por terra toda a estratégia do PSD baseada na política de verdade e na alegada denúncia da asfixia democratica e comprometeu as aspirações do PSD em ganhar as eleições.
Depois, para além daquilo que foi a actuação deplorável e inquietante do PSD no governo e na oposição,também é relevante olhar para aquilo que foi a situação interna do partido. Clara Ferreira Alves em tempos comparou o PSD a um saco de gatos a degladiarem-se para sairem do saco e tentarem manter os outros fechados.
Aliás seria a mesma jornalista a escrever sobre este tema dizendo que "o historial da existência do PSD é uma amostra aterradora da política sem ideologia e sem história, casuística e pragmática, arregimentada ao prato do dia e ao governo do mês"
Nada mais actual que esta sábia e clarificadora caracterização do PSD!
Note-se que política casuística, não quer dizer propriamente política de "causas" mas sim, muito ao contrario disso, política de "casos".
Estes casos não se cingem única e exclusivamente àqueles casos reais que envolvem actualmente inúmeros responsáveis e ex-governantes do PSD, referidos neste texto, a contas com a justiça, mas também a todos aqueles casos artificiais, criados, planeados no seio daquele partido e empolados e divulgados para a opinião pública, com o apoio de alguns sectores da Comunicação Social, com o único objectivo de denegrir e desgastar a imagem do 1ºMinistro José Sócrates ao longo da sua governação e abrir assim caminho para Manuela Ferreira Leite substituir Sócrates na governação após as proximas Eleições Legislativas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que está em causa nestas eleições!

O PS governou o país nestes ultimos quatro anos com maioria absoluta. O balanço dessa governação foi, em minha opinião, bastante positivo uma vez que, apesar da crise internacional que desabou sobre nós, uma das maiores desde os anos vinte, foram implementadas reformas que, apesar de ainda não se sentirem os efeitos no presente, se revestem da maior importância para o futuro do país.
Por outro lado foi possível constatar que, enquanto não surgiu a crise, o Governo foi capaz de reduzir o défice até valores nunca antes verificados ao mesmo tempo que conseguiu alcançar até 2007 um crescimento positivo da economia de 2%, o que constratava claramente com o valor negativo do crescimento atingido durante os governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Nesse período aureo do Governo de Sócrates,foi possível constatar o dinamismo que atingiram as empresas exportadoras, o aumento de confiança que se instalou nos investidores nacionais e internacionais e o reforço na crediblização e confiança no Governo de Sócrates que lhe permitia conseguir valores de intenções de voto nas sondagens que o catapultava para uma nova maioria absoluta.
Depois aconteceu a crise e em simultânio o avolumar do processo artificial e conspirativo da descredibilização do 1ªMinistro que passou sucessivamente pelos casos da licenciatura, dos projectos das casas, Freeport e suposta perseguição às classes profissionais dos Militares, dos Juízes, dos Professores e Jornalistas.
Quando os jornalistas entraram também nesse jogo as coisas começaram a complicar-se para o lado de Sócrates e do Governo do Partido Socialista! A luta a partir daí tornou-se desigual e passou a ser inglória para Sócrates porque era atacado por todos os lados e a Comunicação Social veículava essa contestação durante 24 horas por dia!
A mensagem do descontentamento foi muito fácil de passar para a opinião pública porque, por um lado a crise começava a repercutir os seus efeitos, aumento do desemprego e retrocesso no processo de construção de riqueza,por outro lado as classes profissionais começaram a reagir aos incómodos que as reformas nos respectivos sectores de actividade lhes causavam.
O estado de graça concedido pelos jornalistas aos partidos da esquerda radical, o PCP e o BE, tornou-se fulcral neste processo de contestação ao Governo. Estes partidos, através da sua acção nas ruas iam conseguindo a mobilização do descontentamento ao mesmo tempo que passavam incómules no teste da sua identidade e da credibilidade e realismo dos seus programas políticos. Não eram confrontados com nada, com a sua demagogia, o seu populismo, o seu revolucionarismo, nada, o que valia era bater em Sócrates. O resultado está aí estes dois partidos juntos somam 20% nas intenções de voto dos portugueses, quando na média dos países da CE este valor é de apenas 2%.
No outro lado da barricada, o PSD, envolvido em sucessivos escandalos de envolvimento de líderes em alegados processos de corrupção e de lutas fracticidas dentro do próprio partido, limitava-se a gerir o melhor possível as crises internas ao mesmo tempo que ia procurando criar, fomentar e explorar casos que envolvessem de uma forma negativa o 1ºMinistro e a restante equipe governativa com a ajuda de pivôs importantes na Comunicação Social dos quais se destacaram Manuela Moura Guedes, Mário Crespo, Constança Cunha e Sá e António Ribeiro Ferreira.
Tudo isto somado conduziu à desconfiança e incerteza nas pessoas, principalmente naquelas pessoas que se posicionam eleitoralmente ora à esquerda ora à direita e que se traduziu na perda das Eleições Europeias por parte do PS e no acréscimo de ânimo e esperança em todas as hostes anti-Sócrates.
A quinze dias das eleições legislativas o espectro que se apresenta ao país em termos de sondagens é preocupante para o país: Empate técnico entre PS e PSD, ou seja tanto um partido como o outro pode ganhar as eleições, o PCP e o BE somando 20% das intenções de voto e uma perspectiva de ingovernabilidade deveras assustadora para os interesses do país.
Segundo nos foi dado ver nos confrontos entre os líderes dos partidos, a única coligação plausível é a do PSD com o CDS que, no caso do PSD ganhar as eleições, pelos números que nos apontam as sondagens, não seria suficiente para governar com maioria absoluta. No caso de ser o PS a ganhar as eleições com maioria simples, como se espera, também já deu para perceber que irá governar sózinho. Assim, a confirmarem-se estes cenários, não sei como será possível aprovar qualquer lei importante no Parlamento na próxima legislatura, a começar pela Lei do Orçamento de Estado para o próximo ano!
No caso de a crise internacional se agravar, seguindo o crescimento económico mundial o célebre gráfico do "W", então teremos razões de sobra para ficar preocupados! Uma situação de crise económica mundial atravessada por uma crise de ingovernabilidade no nosso país, teríamos nessas circunstâncias os condimentos essenciais para a queda abrupta da confiança, o desaparecimento do investimento público e privado,o afundar da economia, o aumento catrastrófico do desemprego e a banca rota ao virar da esquina!
Os pseudo-intelectuais de esquerda e os contestatários da classe média que dizem apoiar o BE irão nessa altura ter razões de sobra para acusar o Governo e manifestar-se nas ruas contra a eventual catrastofe que se abatirá sobre as suas cabeças! Mas terão sempre a possibilidade de fugir para os países ( Que eu não conheço nenhum) onde vigora o sistema político e social preconizado pelo BE! Ou então, se assim o preferirem, poderão abrigar-se nos países cujo modelo é elogiado pelo PCP, Cuba e Coreia do Norte!