terça-feira, 3 de março de 2009

Lei da Selva no Jornalismo Português

Durante o Congresso do PS o seu Secretário Geral Eng. José Sócrates retomou novamente o tema Freeport para reforçar a ideia da existência de uma campanha negra visando atingir a sua dignidade e honestidade. O principal alvo da sua denúncia foi desta vez a Comunicaçao Social, mais concretamente directores de jornais e directores de informação da televisão privada.O ex-Secretário de Estado para a Comunicação Social do Governo de António Guterres, Arons de Carvalho, viria mais tarde a identificar os responsáveis mais activos da denominada campanha negra como o Director do Semanário Sol e a jornalista Manuela Moura Guedes (MMG), pivot do programa de informação semanal "Jornal Nacional" da TVI.

De facto estes dois jornalistas já tinham sido referenciados no meu último artigo deste blog como os mais empenhados na campanha encetada para denegrir a imagem o 1º Ministro José Sócrates, não se importando ambos, para o efeito, de empolar, deturpar, mistificar e disvirtuar os principais factos do caso Freeport que deveriam permanecer em segredo de justiça no seio do processo judicial em curso.

Esta questão não constitui aliás qualquer novidade para a opinião pública uma vez que, quer as contínuas tiragens do semanário Sol, quer as emissões semanais do Jornal Semanal da TVI, são bem reveladoras do empenho, da falta de pudor e da agressividade que ambos os responsáveis daqueles orgãos de Comunicação Social colocam no combate ao governo de José Sócrates, como se fossem ambos mandatados para o exercício de funções políticas da oposição.

O Jornal Semanal da TVI representa quer em termos de forma quer em termos de conteúdo, tudo aquilo que um programa de informação não deve ser! A forma de apresentação de qualquer orgão de CS, ao contrário da que se reveste o citado programa, deverá obedecer a um figurino de adopção sistemática de uma postura imparcial, equilibrada e moderadora por forma a transmitir à opinião pública uma visão tão completa e verdadeira da realidade dos factos quanto possível. Para o efeito deverá auscultar a opinião de pelo menos dois "opinion makers" credíveis, adoptando posições diversas, remetendo-se o pivot para um papel isento e desapegado emocionalmente do caso relatado. Quanto ao conteúdo da informação ela deverá ser objectiva,verdadeira,transparente e tão completa quanto possível.

O que acontece com Manuela Moura Guedes a apresentar o seu Jornal Nacional é precisamente o contrário do preconizado anteriormente! A jornalista adopta sistematicamente uma postura agressiva, intervencionista, opinativa, crítica e sectária sobre todos os acontecimentos que informa. Ela não veícula a informação, ela integra a informação. Ela não apresenta a informação ela própria pretende ser a informação. Ela não informa ela emite permanentemente a sua opinião. Ela não esclarece a informação ela emite juízos de valor sobre a informação. Ela acima de tudo pretende conciliar, na sua cabeça, simultâneamente, o papel de jornalista, agente política da oposição, magistrada judicial, polícia de costumes e sacerdotiza, quando ela não tem quaiquer qualificações, nao possui idoneidade moral, não foi sufragada pelos votos de ninguém e muito menos foi investida de qualquer mandato para o exercício de qualquer uma daquelas actividades. Quanto muito, apenas será uma má jornalista!

É aliás sintomática a forma como Manuela Moura Guedes respondeu à acusação de Arons Carvalho do PS pelo facto de ser ela uma das principais responsáveis pela campanha negra de difamação de José Sócrates! Essa resposta aconteceu na emissão televisiva da TVI na Segunda-Feira seguinte ao congresso do PS ocorrido no ultimo fim de semana.
Para o efeito apresentou uma peça em que uma jornalista daquela estação, refutando as críticas do deputado socialista, afirmou que na apresentação das notícias em causa apresentadas sobre o caso Freeport, apenas se reportou aos factos transcritos em dois documentos conhecidos da opinião pública como as duas cartas rogatórias, uma da Polícia Inglesa e a outra da Polícia Judiciária. E repetidamente voltou a ler as supostas frases bomba daqueles dois documentos reafirmando-os como factos indesmentíveis e como tal, fora de qualquer suspeita de deturpação e mentira, conforme acusara o PS.
Acontece que as afirmações proferidas, extraídas directamente dos dois documentos, constituem frases isoladas do texto, as quais lidas fora do contexto geral do documento, induzem os receptores da notícia a falsas interpretações e a incorrectas leituras, lançando-os numa nuvem de suspeições e de dúvidas completamente inaceitável.
A jornalista de serviço, ao ler uma frase do texto contido na carta rogatória da Polícia Inglesa que afirma que Sócrates é suspeito de receber luvas e subornos pela aprovação do empreendimento Freeport, está a deturpar descaradamente a verdade dos factos, uma vez que aquela afirmação contida naquele relatório, diz respeito a uma transcrição de um preâmbulo extraído do documento da PJ enviado à polícia inglesa em 2005. O que MMG não disse aos telespectadores, mas deveria te-lo feito por uma questão ética e deontológica, foi que Sócrates foi inicialmente considerado suspeito em 2005, quando na sequência de uma carta anónima foi levantado um processo judicial ao caso Freeport e que no decurso das investigações entretanto realizadas, Sócrates deixou de ser considerado suspeito. Também deveria ter complementado a sua peça com as seguintes informações: Qualquer cidadão português vivendo em Portugal não pode ser considerado suspeito pela Polícia Inglesa de qualquer crime cometido em Portugal; À luz da actual legislação Sócrates nunca teria sido considerado suspeito de coisa alguma, uma vez que as cartas anónimas e as gravações alegadamente abusivas, deixaram de, por si sós, constituir elementos suficientes para o levantamento de processos judiciais. Se tivesse completado a sua peça com o enunciado destes factos, então MMG teria cumprido com a sua obrigação de informar respeitando a verdade dos factos.

Num outro momento de reportagem daquele programa, que em norma dedica cerca de metade do tempo a "malhar" no 1ºMinistro, MMG levantava suspeitas sobre a forma alegadamente pouco transparente como José Sócrates teria adquirido o seu apartamento de duas assoalhadas no centro de Lisboa. Para o efeito, a reportagem de rua apresentou uma série de comparações entre o preço daquela compra e os preços de outras aquisições de outros apartamentos por parte de outros proprietários. O objectivo principal do artigo era mesmo lançar suspeições sobre a transparência da compra efectuada por José Sócrates.
A questão que se pode colocar é qual é a idoneidade moral da referida jornalista para lançar suspeições desta natureza? Então o 1º Ministro de Portugal não pode ser proprietário de um apartamento T2 no centro de Lisboa e a Sra MMG e o Sr Eduardo Moniz podem ser proprietários duma luxuosa vivenda com piscina na zona de Cascais?
Então e o facto do 1ºMinistro receber um vencimento mensal de cerca de 5000€ e o casal Moniz auferir em média cerca de quatro ou cinco vezes mais?
E depois de tudo isto têm a desfaçatez e o poder, de atentar diariamente contra o bom nome e dignidade das pessoa e cometer autênticos assassínios de carácter! Qual é a moralidade de tudo isto? Vivemos num Estado de Direito ou numa República de Xicos Espertos?

De facto alguma coisa tem que mudar neste mundo conspurcado e ignóbil da nossa Comunicação Social. Certamente que existem bons jornalistas servindo orgãos de comunicação social responsáveis...mas os maus jornalistas não podem continuar impúnes a adoptar a lei da selva como princípio orientador do seu código deontológico. Alguém terá que pôr cobro a este estado de coisas!

2 comentários:

encantos disse...

De facto alguma coisa tem que mudar neste mundo conspurcado e ignóbil da nossa Comunicação Social....
Concordo com o artº e com esta máxima.
Somos um povo mtº peculiar e de níveis 'culturais' frageis

encantos disse...

De facto alguma coisa tem que mudar neste mundo conspurcado e ignóbil da nossa Comunicação Social....
Concordo com o artº e com esta máxima.
Somos um povo mtº peculiar e de níveis 'culturais' frageis