sábado, 28 de abril de 2007

Gato Escondido com Rabo de Fora

É notória a incomodidade do jornal de maior divulgação nacional, o Expresso, com a nomeação do Eng. Pina Moura, por parte do Grupo Espanhol Prisa para o cargo de Director não Executivo da Média Capital, empresa proprietária da TVI.
O "Primeiro Caderno" e "O Editorial e Opinião" da ultima edição deste jornal são bem reveladores desse inconformismo que denota acima de tudo uma grande preocupação pelo receio de perda de poder na sociedade portuguesa.
A controvérsia mais inflamada reside no facto de o deputado do PS ter afirmado em entrevista à RTP que toda a comunicação social tem motivações políticas e que seria louvável que, em Portugal, à semelhança do que acontece com os principais orgãos de comunicação social estrangeiros, assumisse uma linha de orientação ideológica editorial!
Afirma o Director daquele semanário na sua ultima edição que o primeiro critério de muita comunicação social ( nomeadamente a presidida pelo militante numero um do PSD) não é político nem sequer ideológico e que os seus jornalistas são acima de tudo livres!
Logo por coincidência, ou talvez não, aquele jornal no seu editorial, intitulado "O 25 de Abril e o Estado", considerou o discurso do deputado do PSD o acontecimento político das comemorações do 25 de Abril no Parlamento, relacionando a sua afirmação de existencia de uma claustrofobia na vida política portuguesa com a tão discutida (no seio da Impresa) intromissão excessiva do Governo na Comunicação Social! Conclui o editorial que os sinais são inquietantes porque temos uma Entidade Reguladora demasiado partidarizada e temos diversas leis demasiado cerceadoras.
Ora neste país, quem poderá considerar como o acontecimento político das comemorações do 25 de Abril o discurso enraivecido e ressabiado do PSD, a não ser todos aqueles que tenham de facto uma identificação e uma aproximação ideológica àquele partido?
Em segundo lugar, quem poderá levar a sério a afirmação do Expresso de intromissão excessiva do Governo na comunicação social, quando nos ultimos tempos se conseguiu lançar nalguma comunicação social, inclusivé naquele jornal, uma verdadeira intentona contra o carácter do Primeiro Ministro não fundamentada em factos concretos, provados, mas sim em insinuações, especulações e aproveitamentos oportunísticos de falhas do sistema de ensino nas Universidades Privadas em geral e da Universidade Independente em particular?
Como poderia o pobre coitado do líder do PSD, Marques Mendes, afrontar directamente o Eng.Sócrates no debate mensal no Parlamento, como pretendiam alguns, sobre a sua eventual falta de carácter no processo da licenciatura, apenas baseado em insinuações, coincidências e forçadas evidências? No Parlamento, meus amigos, olhos nos olhos, só se acusa com factos!
É bem diferente o modo de actuação de alguns jornalistas, principalmente de alguns daqueles que se dizem livres e cerceados na sua acção e que pertencem a orgãos de comunicação social que se recusam a admitir oficialmente uma linha ideológica editorial.
Neste caso do Semanário Expresso podemos dizer que a linha ideológica editorial está bem patente na orientação jornalística das suas ultimas edições! Mas uma vez que ela não é assumida,, como dizem os portugueses, tratar-se-á de uma linha editorial simbolizada por um "Gato Escondido com o Rabo de Fora"!.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

A imprensa de referência

Vital Moreira, na sua página da Internet desta semana, afirma que a pior coisa que pode suceder à imprensa de referência é perder a confiança dos seus leitores quanto à isenção política. Isto a propósito da campanha de manipulação política envolvendo o curso de José Sócrates, que teve particular destaque nos jornais Público e Expresso.
Relativamente ao semanário Expresso é notório, principalmente nas suas ultimas edições, que a oposição ao Governo domina a actualidade daquele semanário. Os Artigos de Opinião, as Notas da Direcção, os Destaques Expresso, as cartas dos leitores, os Editoriais... todos eles têm convergido no mesmo sentido!
O insuspeito jornal inglês Finantial Times, publicou no dia 10 de Abril um artigo bastante elogioso acerca da actuação do Governo de José Sócrates na área económica, salientando os resultados positivos dos valores do défice orçamental e perspectivando para o nosso país um crescimento económico que nos irá fazer sair da crise em que estamos mergulhados desde 2002.Conclui aquele prestigiado jornal, que Durão Barroso quando visitar Portugal no próximo mês de Julho, quando da cerimónia da entrega da Presidência da União Europeia, irá encontrar um país melhor, mais confiante e mais promissor que o país que ele abandonou sob o espectro de uma recessão!
Entretanto o Jornal Expresso, um jornal de referência na Comunicação Social Portuguesa que actuação tem perante um cenário tão optimista apresentado por um jornal de referência mundial? Os factos que passo a referir são bem elucidativos.
O Governo anunciou no Parlamento, durante o debate mensal ocorrido na penúltima semana de Março que o valor do défice orçamental de 2006 se cifrou nos 3.9%, um resultado que se situou aquem da meta estabelecida pelo Governo no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Seguiu-se o tradicional debate com os partidos da oposição, nomeadamente com o PSD, que não apresentou quaiquer argumentos que beliscassem minimamente o discurso do Primeiro Ministro.
Na edição de 24 de Março, o Expresso, não publicando uma única linha sobre o debate mensal, edita um artigo de Manuela Ferreira Leite ( Ponto sem nó), no qual, esta deputada do PSD apresenta seis questões pertinentes sobre o valor do défice apresentado pelo Governo que sugerem que a bondade desse resultado se poderá dever fundamentalmente a uma eficácia da receita em detrimento do controlo da despesa. Acrescenta MFL nesse artigo que gostaria de ver respondidas as seis questões colocadas, uma vez que nestas matérias não acreditava em milagres!
Entretanto o Expresso na sua edição de 31 de Março, que constitui um autêntico libelo acusatório contra o Governo, na sua página intitulada "Destaque Expresso", em nota da Direcção, insurge-se tempestuosamente contra o alegado privilégio e arrogãncia do Governo de não responder expressamente às questões colocadas por aquele jornal, nomeadamente as que, curiosamente, tinham sido colocadas por MFL no artigo acima citado.
Quer dizer, as dúvidas de MFL sobre o défice, que enquanto deputada do PSD deveriam ter sido transmitidas ao seu líder, Marques Mendes, para serem colocadas legitimamente a José Socrates no Parlamento, foram questionadas directamente ao Governo pelo semanário Expresso com a exigência de uma resposta urgente. Será isto jornalismo? Não haverá em tudo isto uma inversão sobre o que deverá ser o papel da Comunicação Social?
O certo é que o Ministro das Finanças, acossado por toda a turbulência orquestrada que vem fustigando o Governo nos ultimos tempos, acabou por responder às questões de MFL na edição do Expresso publicado no dia 6 de Abril. De facto não havia razões para tanto alarido, uma vez que o Ministro confirmou aquilo que tinha sido uma constante do discurso de José Sócrates no Parlamento durante o debate mensal,isto é, que o problema do défice mascarado era obra do passado e que o controle da despesa tinha tido um peso importante na redução do défice.
O Banco de Portugal viria a confirmar esta semana que os impostos e a redução da despesa contribuiram em cerca de 50% cada para redução do défice orçamental de 2006 apresentado pelo Governo.
Relativamente às duvidas que foram levantadas a semana passada acerca da aposta de MFL,enquanto Ministra das Finanças, na recolha de receitas extraordinárias, nomeadamente através da operação de venda de créditos fiscais, com o objectivo de reduzir o défice público, não nos apercebemos de qualquer tratamento jornalistico por parte do Expresso. Será que este jornal aguarda a eventual tomada de posição por parte da Comissão Europeia no sentido de não considerar a venda de créditos fiscais para efeitos de redução do défice, para então abordar o assunto?
O certo é que esta postura do semanário Expresso, retratada neste texto apenas com um exemplo, nos suscita muitas dúvidas acerca da sua isenção e da justeza dos seus critérios jornalísticos!

A Comissão Independente

Após as explicações de José Sócrates sobre o caso da sua licenciatura na Universidade Independente, o sr. licenciado Marques Mendes, para além de ter tecido comentários inqualificáveis sobre o carácter do Primeiro Ministro, propôs a criação de uma comissão independente para averiguar o caso das alegadas irregularidades da licenciatura de José Sócrates. É sem dúvida uma tomada de decisão à altura deste responsável político que peca, sobretudo, pelo facto de não ser abrangente e alargada à investigação dos currículos académicos de todos os dirigentes partidários. Assim ficaria tudo muito mais claro!
Na sequência daquela proposta, sugere-se que a referida comissão venha a integrar na sua composição as seguintes entidades, todas elas insuspeitas de nutrirem qualquer simpatia pelo Partido Socialista:
- Adelino Salvado, Chefe da PJ ao tempo do Governo de Durão Barroso. Especialista na área de investigação criminal.
- Eng. Pedro Lynce, Ministro da Ciência do Governo de Durão Barroso, profundo conhecedor do funcionamento das Universidades Portuguesas.
- Embaixador Martins da Cruz, colega de Marques Mendes naquele Governo. Um diplomata faz sempre jeito numa comissão com o carácter melindroso desta.
- José Manuel Fernandes, Director do jornal Público. Reconhecido como o jornalista mais estudioso e documentado sobre a licenciatura de Sócrates.
- Sr. licenciado José Pacheco Pereira, conhecido analista do PSD, que se diz incapaz de cometer um assassinato de carácter seja de quem fôr ( à excepção do de Santana Lopes e do de Paulo Portas).

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Uma Espécie de Cabala

Uma das questões que será objecto de tratamento por parte da Entidade Reguladora para a Comunicação Social ( de acordo com o entendimento da sua nova Comissão), será a monitorização dos conteúdos de informação. Convenhamos que se diga que esta fiscalização se reveste de particular importância para uma maior transparência da vida pública e para o reforço da nossa democracia.
Ainda há bem pouco tempo a deputada do Parlamento Europeu, Ana Gomes, em entrevista ao jornal Expresso, nos lembrou o processo maquiavélico movido por entidades da direita contra dirigentes do PS no processo Casa Pia, que contou com a total complacência e imobilismo do então P.M. Durão Barroso. Seria curioso agora analisar, à distância desses acontecimentos, qual o contributo efectivo de alguns Orgãos de C.S. tiveram na elaboração e desenvolvimento dessa cabala que teve o condão de arruinar pura e simplesmente a carreira política dessas pessoas.
A actual campanha difamatória contra Sócrates, que tem tido particular destaque nos jornais Público e Expresso, levantando suspeitas acerca da legitimidade da sua licenciatura, assume igualmente alguns contornos de elaborada urdidura ( uma espécie de cabala), com o objectivo claro de atingir o Governo.
De facto, quando os mentores da cabala da Casa Pia contra membros do PS se saíram tão bem, porque não encetar agora uma nova ofensiva do mesmo teor (sórdida), no sentido de descredibilizar J.S., numa altura em que a argumentação política de combate ao Governo no Parlamento está a falhar em toda a linha e principalmente, quando alguns Orgãos de C.S. não conseguem disfarçar o seu nervosismo gerado pela proximidade da aprovação, por parte do Governo, da nova Lei de Imprensa e do Estatuto do Jornalista.