domingo, 27 de março de 2011

O comboio do FMI

Como era de esperar o Conselho Europeu adiou a viabilização do Fundo de Estabilidade, que permitiria dar confiança aos mercados no sentido da redução das taxas de juro que nos irão continuar a asfixiar, cada vez mais, nas próximas semanas.
Depois da demissão de Socrates após a inviabilização por parte do PSD das medidas de austeridade do PEC 4,de facto, o Conselho Europeu não poderia ter feito outra coisa.
Passou Coelho e seus capangas conseguiram mesmo apagar a luz ao fundo do túnel que os portugueses começavam a vislumbrar no horizonte.
Ou seja, melhor dizendo, Passos Coelho não apagou a luz do dia que se vislumbrava ao fundo do túnel! O PSD substituiu a luz do dia, a luz da esperança, pela luz do farol de um comboio que vem do túnel em direcção a todos nós.
Esse Comboio que aí vem, desenfreado para nos atropelar, tem várias carruagens: A primeira carruagem , de 1ª classe, luxuosa, traz o Presidente da República e a sua comitiva, incluindo o assessor Fernando Lima. O lema dessa carruagem é um Presidente , uma maioria e o FMI.
A segunda carruagem, igualmente de 1ª classe, traz todos os barões do PSD, sôfregos pelo poder e ansiosos para enriquecer aplicando as receitas que os seus correlegionários aplicaram no banco BPN. Nessa carruagem vêm também alguns jornalistas que gostam de viajar em 1ª classe .
Finalmente as restantes carruagens são de mercadorias e trazem o letreiro do FMI.
Preparem-se todos os portugueses, as medidas que aí vêm não são apenas para os funcionários públicos e pensionistas que ganham mais de 1500 Euros. As medidas de austeridade do FMI vão atingir mesmo todos os portugueses, principalmente os mais desfavorecidos.
Mas julgam que o PSD estará muito preocupado com esta situação? Não está mesmo nada. Antes pelo contrário!
Como sabem o PSD não apresentou até ao momento qualquer medida de austeridade para o cumprimento das metas do défice para 2011, 2012 e 2012, com as quais se comprometeu em Bruxelas. E porquê?
Porque eles sabem que a partir do momento em que o FMI entrar no nosso país irão ser exigidos sacrifícios muito mais gravosos do que aqueles que temos suportado até aqui.
Implementadas essas medidas de austeridade preconizadas pelo FMI,com as quais o PSD concorda mas não assume, Passos Coelho lavará as mãos como Pilatos, atribuindo as culpas para o Governo de Sócrates.

A estratégia do PSD

Desde Fevreiro do ano passado que não escrevia neste espaço! A ultima vez que o fiz foi para denunciar as manobras da oposição para tentar derrubar a qualquer preço o governo minoritário de José Socrates. Estavamos nessa altura em plena ofensiva da Comunicação Social e dos partidos da oposição por causa da suposta manobra do Governo de querer controlar a Comunicação Social. Entretanto, durante o ano que decorreu, os portugueses não apenas viram que afinal todas as suspeições levantadas não passavam disso mesmo, não conseguiram provar absolutamente nada, mas tambem puderam constatar que é o PSD que controla os maiores Orgãos de Comunicação Social.
A situação que o país vive neste momento é de tal gravidade que nem os mais esclarecidos deste país conseguem vaticinar como e quando iremos sair desta crise.
É por essa razão e para tentar defender tudo aquilo em que acredito que resolvi voltar a escreverneste meu blog.
Tudo o que se está a passar na vida política nacional explica-se de uma forma muito simples:
Portas sintetizou numa frase que emitiu durante o Congresso do CDS que decorreu no ultimo fim de semana,o essencial da questão!
Disse ele " É agora ou nunca"! E porquê?
Sócrates, mediante a apresentação prévia em Bruxelas das medidas de austeridade conhecidas como PEC 4, que no Conselho Europeu ocorrido neste fim de semana,abrir caminho para a viabilizaão do Fundo de Estabilidade que permitiria que no espaço de um mês, o nosso País se pudesse financiar a taxas de juro de 4.5% a 5%.
Ora isto seria determinante para o controle do défice por um lado, e para o crescimento económico no curto e médio prazo. A acontecer tudo isto, na opinião do PSD e CDS, o Governo saíria reforçado e Sócrates poderia eternizar-se no poder.
Portanto, " É agora ou nunca" como diz Portas.
Evocando desculpas esfarrapadas para não negociar as medidas apresentadas pelo Governo, Pedro Passos Coelho, acossado pelos barões determinados pelo assalto ao poder, a única saída que lhe resta é provocar uma crise política por forma a inviabilizar a aprovação do Fundo, apagando desta forma a luz ao fundo do túnel que os portugueses poderiam começar a ver após a próxima reunião do Conselho Europeu. Os portugueses vão ser as vítimas.
Parafraseando o conselheiro de Estado afecto ao PSD, António Capucho: " Há que passar uma rasteira ao Governo".
Quais as consequências para o país de tudo isto?
Pois bem, quando lá para meados de Abril, no meio da crise política, em pleno período de eleições, os juros da dívida dispararem para os 10%ou 12%, o nosso país não conseguirá vender os títulos da dívida no valor de 10000 milhões de Euros, como está previsto, tornando-se imperioso chamar o FMI nas condições em que ele se apresentou à Grécia e à Irlanda.
Desta forma o PSD poderá sempre responsabilizar Sócrates e o FMI pelas gravosas medidas de austeridade que aí vêm, com as quais Passos concorda, mas que nunca irão assumir.
É fácil, vende de barato e dá milhões, para eles. O pior vai ser a factura com que os portugueses irão ficar!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O verdadeiro Polvo

Esta noite sonhei, ou por outra, tive um pesadelo, que afinal o verdadeiro Polvo estaria sediado em Aveiro e que uma Associação criminosa teria intentado contra o Estado de Direito no nosso País congeminando uma autêntica espionagem política com o objectivo de derrubar o Governo de Sócrates.
No meu sonho teria constatado a existência de uma reunião entre dois deputados do PSD, um Inspector da PJ de Aveiro, um Procurador do Círculo de Aveiro e dois Jornalistas, um do jornal o Sol e o outro da TVI. A reunião teria tido lugar porque os dois deputados do PSD teriam levantado algumas suspeições acerca da eventual interferência do 1ºMinistro José Sócrates, na compra da TVI por parte da PT, configurando esta operação um acto criminoso de atentado contra a liberdade de expressão.
Provavelmente este meu sonho poderia ter sido induzido pelo facto de o Processo Freeport ter começado com uma reunião deste tipo.
Nessa reunião o Procurador de Aveiro, perante as suspeições levantadas pelos deputados do PSD, teria esclarecido de imediato que, desta vez o caso não poderia ser despoletado através de carta anónima, uma vez que, entretanto, a lei teria sido alterada, no sentido de secundarizar esse precioso material de prova. Este caso teria, na opinião do Procurador e confirmado pelo Inspector da PJ, de se desenvolver através de escutas telefónicas, devidamente autorizadas por um Juíz de confiança, montadas a personalidades da vida pública, directores de empresas públicas, administradores nomeados pelo Estado, todos eles com ligações a Sócrates. Mais tarde ou mais cedo, é mais que certo que eles falarão ao telefone com Sócrates e que as conversas versarão, por vezes, assuntos relacionados com a temática da aquisiçao de meios de Comunicação Social e será então possível, de uma ou outra forma, arranjar alguns indícios, que, manipulados, extrapolados, cozinhados, e divulgados à opinião pública através de fugas de informação devidamente controladas e programadas, poderão conduzir à incriminação do 1ºMinistro.
Então, perguntava a jornalista da TVI, que no meu sonho não consegui reconhecer por estar sentada ao fundo da sala, mas que me pareceu que estaria com a cara um pouco inchada, mas como é que a Justiça irá conseguir colocar o telefone do 1º Ministro em escuta, sem haver uma razão objectiva para tal? O Inspector da PJ, calejado nestes assuntos de tramoias, teria então aludido ao facto do mais importante ser colocar o telefone dos amigos de Sócrates em escuta e que por arrasto o 1º Ministro também seria escutado. Quanto à fundamentação para colocar os telefones dessas entidades em escuta, continuou o Inspector,será o mais fácil de tudo, bastando para isso despoletar uma investigação a qualquer personalidade de peso da área dos negócios, com influências empresariais e políticas no seio de empresas públicas, que nós sabemos de antemão, poder encontrar provas suficientes de actos ilícitos de natureza fiscal ou outros. Aliás uma das hipoteses que nós vislumbramos neste momento para este caso é encetar uma investigação a um poderoso empresário da área da sucata que é conhecido de alguns membros do Partido Socialista com ligações a Sócrates. Esta poderá ser a via mais fácil para espionar de uma forma eficaz e segura o 1º Ministro.
Entretanto o Jornalista do jornal o Sol, que tinha estado calado todo o tempo, declarou-se de imediato disponível para fazer a divulgação de todas as escutas através do seu jornal.
Foi a vez então de um dos deputados do PSD se mostrar preocupado com o facto do que poderiam fazer as altas instâncias da Justiça, concretamente o PGR e o Presidente do Supremo, para travar este processo e responsabilizar os autores da "conspiração". Foi a vez do Procurador de Aveiro intervir para esclarecer que o PGR não manda nada nos Procuradores porque quem manda de facto é o Conselho de Procuradores e o Presidente do Sindicato. Para além disso, nós, dizia o Procurador, temos sempre a faca e o queijo na mão porque temos uma arma muito poderosa a nosso favor que é a violação do segredo de justiça e a proliferação sistemática de fugas de informação.
Entretanto acordei,eram sete da manhã, e sobressaltado com o meu sonho, virei-me para a minha mulher que entretanto acordara devido à minha agitação e movimentação de pernas durante o sono, e disse-lhe, olha..acabei de ter um pesadelo com a existência de um golpe de estado no nosso país, sem a utilização de armas.
Liguei a TSF e as notícias das sete da manhã anunciavam os principais títulos dos jornais com destaque especial para o jornal o Sol que denunciava com letras garrafais na primeira página, a existência de um Polvo no seio do Governo para controlar a Comunicação Social. A segunda notícia prendia-se com o rescaldo da apresentação do livro de crónicas da autoria de Mário Crespo numa sala a abarrotar de gente ligada ao PSD.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A liberdade de expressão ameaçada!

Desde a vitória eleitoral do Partido Socialista nas ultimas eleições legislativas que não escrevia neste meu espaço do "Assobio da Cobra". Regresso agora, passados quatro meses, curiosamente numa altura em que alguns Comentaristas, Analistas, Jornalistas, Agentes do Poder Judicial e Políticos afectos à Oposição, fazem tudo, numa corrida histérica contra o tempo, para convencer a opinião pública que não ocorreram eleições legislativas em Outubro, que o PS não foi o partido mais votado e que Sócrates não ganhou as eleições!
Num programa da SIC Notícias da autoria do famoso analista político e deputado do PSD, Pacheco Pereira, lançado hoje para o ar, aquele insuspeito exemplar de imparcialidade e seriedade, desferiu um violento ataque a Sócrates, acusando-o, como já vem sendo hábito há quatro anos a esta parte, de tudo e mais alguma coisa! Curiosamente, o autor, durante todo o tempo em que emitiu a cassete já conhecida, socorreu-se de uma faixa visível junto do microfone, onde se podia ler com grande destaque a frase "Liberdade de Expressão Ameaçada!" Esta encenação pretendia fundamentalmente reforçar a gravidade com que o mais que suspeito deputado do PSD vê ou finge que vê, os episódios relacionados com Mário Crespo e com as escutas divulgadas pelo pasquim "SOL". Eu denomino o jornal Sol de pasquim porque não acredito que aquele jornal tenha alguma vez a frontalidade de abordar as reais atrocidades cometidas pelo poder político em Angola, como pretensamente pretende evidenciar e despoletar alegados escandalos atribuídos a José Sócrates. O respeitinho aos patrões sempre foi muito bonito e para os cobardes esse respeitinho é normalmente sagrado.
Quanto ao que se passou com Mário Crespo existem as mais variadas versões sobre o que realmente aconteceu no restaurante do hotel Tivoli. Uma coisa é certa, a versão que Mário Crespo conta já foi desmentida pelo Director de Informação da SIC que já declarou que afinal, aquilo que Mário Crespo conta não se terá passado bem assim! Ou seja a versão de quem esteve presente no acontecimento, diverge da versão narrada por Mário Crespo, que, curiosamente não estava presente na sala.
Depois, conhecendo-se o ódio de estimação que aquele jornalista nutre por José Sócrates, bem visível através das crónicas de escárnio e mal dizer que ele escreveu semanalmente no Jornal de Notícias, tudo leva a crer que o homem que quando se desloca regularmente aos Estados Unidos fica hospedado em Hoteis de luxo, está a pintar a manta!
Depois, recuando no tempo,relembrando os famosos programas de Sexta-Feira de Manuela Moura Guedes na TVI, podemos recordar todo o enfoque que foi dado ao caso Freeport e sobretudo às investigações levadas a cabo pela Polícia Inglesa naquele processo, no qual, aquela espécime de jornalista, bombásticamente, repetia, vezes sem conta, que Sócrates era o principal suspeito! Lembram-se? Afinal a Polícia Inglesa arquivou o Processo e, soube-se nestes dias, que Sócrates nunca teve qualquer conta bancária em paraísos fiscais, ao contrário do que aquela estação televisiva, comandada ao tempo por José Eduardo Moniz, fazia crer, vezes sem conta, aos seus telespectadores!
Passando também em revista o que se passa nos actuais orgãos de Comunicação Social, podemos facilmente constatar que eles são maioritariamente contolados por pessoas afectas ao PSD e CDS. Basta constatar o que se passa hoje em dia na SIC onde não existe qualquer analista ou comentarista que demonstre nutrir alguma simpatia pelo Partido Socalista, pelo Governo e pela Governação. É assustador verificar que a totalidade dos programas de análise política daquela estação televisiva se pautam pelo unico objectivo de malhar no Governo. Jornal da Noite, Frente a Frente e Plano Inclinado de Mário Crespo, Contra-Ponto de Pacheco Pereira, Eixo do Mal, Expresso da Meia-Noite....etc,etc,etc. Isto num Orgão de CS cujo patrão é o militante nº 1 do PSD!
Nas restantes estações de TV o único resistente afecto ao PS é António Vitorino que, como todos sabemos, irá abandonar por vontade própria o seu programa semanal.
Quanto aos jornais é o que todos sabemos! Correio da Manha assume actualmente a frente de combate contra o Governo com António Ribeiro Ferreira e Constança Cunha e Sá (secundada por Vasco Pulido Valente) na vanguarda. O Público de Belmiro de Azevedo melhorou um pouco com a saída de Fernandes da direcção do Jornal. Isentos e imparciais apenas nos resta o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias. Nestes dois jornais podemos todos constatar que existe um conjunto de analistas e jornalistas com um leque alargado de opiniões que abrangem de uma maneira geral todo os sectores políticos da sociedade portuguesa.
É este o actual contexto dos Orgãos de Comunicação Social no nosso país! Apesar disso o poder oculto e paralelo que existe na sociedade portuguesa, no qual, os orgãos de CS controlados pelo PSD têm uma acção preponderante, pretende criar uma imagem artificial de falta de liberdade de expressão.
Dizia o letreiro de Pacheco Pereira... " Liberdade de Expressão ameaçada"! Digo eu.... "Porque razão insistem eles, Magistrados e Inspectores com paixões políticas exacerbadas, jornalistas que exercem o jornalismo de sargeta,analistas comprometidos políticamente, políticos oportunistas e sem escrúpulos,...... em tratar os portugueses como parvos?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PSD, amostra aterradora da política casuística

O PSD orquestrou toda uma campanha eleitoral baseada na denominada política de verdade e no papão da alegada asfixia democrática. Compreende-se que na falta de um programa de governo competente e credível e da apresentação de ideias que concedessem aos portugueses algumas razões para acreditarem que a sua vida poderia melhorar, o PSD tenha enveredado por uma estratégia de procurar denegrir e desgastar a imagem de Sócrates e do Governo PS, recorrendo para o efeito ao lançamento de campanhas, slogans e frases feitas. Acontece que os termos Verdade e Asfixia Democratica serão aqueles, porventura, os menos eficazes e menos transparentes, isto porque, o passado, a postura e a actuação do PSD compromete toda a credibilidade dessa mensagem.
Analizando todo o período da governação PSD pós Durão Barroso e posteriormente a actuação daquele partido como oposição ao Governo de Sócrates,constatamos que eles não foram nada abonatórios para a afirmação e credibilização daquele partido.
Recordemos apenas os casos que resultaram nas demissões dos ministros Pedro Lynce, Martins da Cruz, Isaltino de Morais, durante o Governo de Durão Barroso e toda a situação política e social que envolveu Santana Lopes como sucessor de Durão e que provocou a sua exoneração para constatar que a sua gravidade e importância aconselhava a inviabilização de qualquer estratégia que passasse pela descredibilização do adversário, neste caso de José Sócrates, a não ser que houvessem motivos e factos que pudessem com verdade e seriedade sustentar e fundamentar aquela tese.
Posteriormente a opinião pública teve conhecimento dos sucessivos escândalos que envolveram dirigentes e ex-governantes do PSD e CDS, nomeadamente os casos Portucale, Casino de Lisboa, Camara de Lisboa, Camara de Oeiras, Camara do Funchal, Camara de Gondomar, Somague ,Banco Português de Negócios e Sociedade Lusa de Negócios. Em todos estes casos foram constituídos arguídos ex-governantes e altos responsáveis de Governos do PSD e CDS. Ultimamente veio a lume mais um escandalo que acabou por comprometer ainda mais a denominada campanha de verdade encetada pelo PSD. Tratou-se do caso da compra de votos de militantes do partido destinada a colocar em lugares chave da estrutura do partido determinadas figuras. Neste processo estarão envolvidas dois responsáveis do partido, António Preto e Helena Lopes da Costa, colocadas na lista de deputados por Manuela Ferreira Leite.
A tentativa de comprometer e descredibilizar José Sócrates começou bem cedo! Diriamos mesmo que começou durante a campanha para as eleições legislativas em que o PS obteve a maioria absoluta com os casos das suspeições sobre a vida pessoal de Sócrates e logo a seguir com o caso Freeport. O mentor e operacional destes casos foi, como é do conhecimento público, o próprio Santana Lopes. Recordemos que foi um deputado do PSD e assessor de Santana, quem promoveu, juntamente com um autarca do CDS, a célebre reunião com a inspectora da PJ de Setúbal, que culminou com o aparecimento de uma carta anónima que originou a abertura na Justiça do processo Freeport.
Durante o Governo de Sócrates sucederam-se os casos criados, divulgados e empolados, cujo objectivo único era minar a confiança dos portugueses relativamente a José Sócrates e preparar a sucessão do Governo PS por um Governo do PSD liderado por Manuela Ferreira Leite. Para isso o PSD contou com a acção contestatária nas ruas promovidas e preconizadas pelo PCP e BE e com o apoio de alguns meios de Comunicação Social, como o jornal Público e a TVI e de alguns jornalistas dos quais se destacaram Manuela Moura Guedes, Mário Crespo, António Ribeiro Ferreira e Constança Cunha e Sá.
Durante o último ano de governação de Sócrates, no meio de uma crise económica internacional classificada como uma das maiores desde a ocorrida nos anos vinte, e após o desgaste do Governo resultante da aplicação de reformas estruturais que afectaram de alguma forma privilégios adquiridos por parte de professores, magistrados, militares e militarizados e outros, ganhou forma e consistência uma outra campanha, que teria sido concebida e planeada para dar a machadada final na credibilidade do 1º Ministro. Essa campanha conduziria, no entender dos seus mentores, à perda das eleições por parte do PS. A estratégia passaria pelo levantamento de suspeições por parte da Presidência da República que o Governo teria colocado escutas em Belém com o objectivo de espiar e controlar os movimentos do Presidente e dos seus Assessores. Este facto a ser divulgado e empolado, encaixava que nem uma luva na campanha do PSD, que insistentemente falava na política de verdade e na asfixia democrática que supostamente existiria no país. Tudo isto, que iria supostamente acontecer e rebentar na ultima semana da campanha eleitoral, iria, no entender dos estrategas da campanha do PSD, captar os votos dos indecisos e descontentes, votos esses que seriam preciosos para garantir uma maioria simples para o PSD.
Aconteceu, porém, que alguém, num rebate de consciência, teria divulgado o email interno do jornal Público que punha a nu toda a tramoia utilizada entre Assessores da Presidência afectos ao PSD e o próprio Jornal responsável pela divulgação da notícia das escutas. A partir daí, com a pressão da Comunicação Social em cima do Presidente, alguma coisa teria que acontecer. E o que aconteceu, pelo menos até ao momento, foi simplesmente o despedimento do braço direito de Cavaco ao longo de vinte anos, o Assessor Fernando Lima.
Como poucos acreditam que Cavaco estaria conivente com toda a tramoia urdida para entalar José Sócrates, o que ressalta de tudo isto é que Cavaco, a quatro dias das eleições legislativas, ao tomar a atitude que tomou, tirou o tapete debaixo dos pés a Manuela Ferreira Leite, deitou por terra toda a estratégia do PSD baseada na política de verdade e na alegada denúncia da asfixia democratica e comprometeu as aspirações do PSD em ganhar as eleições.
Depois, para além daquilo que foi a actuação deplorável e inquietante do PSD no governo e na oposição,também é relevante olhar para aquilo que foi a situação interna do partido. Clara Ferreira Alves em tempos comparou o PSD a um saco de gatos a degladiarem-se para sairem do saco e tentarem manter os outros fechados.
Aliás seria a mesma jornalista a escrever sobre este tema dizendo que "o historial da existência do PSD é uma amostra aterradora da política sem ideologia e sem história, casuística e pragmática, arregimentada ao prato do dia e ao governo do mês"
Nada mais actual que esta sábia e clarificadora caracterização do PSD!
Note-se que política casuística, não quer dizer propriamente política de "causas" mas sim, muito ao contrario disso, política de "casos".
Estes casos não se cingem única e exclusivamente àqueles casos reais que envolvem actualmente inúmeros responsáveis e ex-governantes do PSD, referidos neste texto, a contas com a justiça, mas também a todos aqueles casos artificiais, criados, planeados no seio daquele partido e empolados e divulgados para a opinião pública, com o apoio de alguns sectores da Comunicação Social, com o único objectivo de denegrir e desgastar a imagem do 1ºMinistro José Sócrates ao longo da sua governação e abrir assim caminho para Manuela Ferreira Leite substituir Sócrates na governação após as proximas Eleições Legislativas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que está em causa nestas eleições!

O PS governou o país nestes ultimos quatro anos com maioria absoluta. O balanço dessa governação foi, em minha opinião, bastante positivo uma vez que, apesar da crise internacional que desabou sobre nós, uma das maiores desde os anos vinte, foram implementadas reformas que, apesar de ainda não se sentirem os efeitos no presente, se revestem da maior importância para o futuro do país.
Por outro lado foi possível constatar que, enquanto não surgiu a crise, o Governo foi capaz de reduzir o défice até valores nunca antes verificados ao mesmo tempo que conseguiu alcançar até 2007 um crescimento positivo da economia de 2%, o que constratava claramente com o valor negativo do crescimento atingido durante os governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Nesse período aureo do Governo de Sócrates,foi possível constatar o dinamismo que atingiram as empresas exportadoras, o aumento de confiança que se instalou nos investidores nacionais e internacionais e o reforço na crediblização e confiança no Governo de Sócrates que lhe permitia conseguir valores de intenções de voto nas sondagens que o catapultava para uma nova maioria absoluta.
Depois aconteceu a crise e em simultânio o avolumar do processo artificial e conspirativo da descredibilização do 1ªMinistro que passou sucessivamente pelos casos da licenciatura, dos projectos das casas, Freeport e suposta perseguição às classes profissionais dos Militares, dos Juízes, dos Professores e Jornalistas.
Quando os jornalistas entraram também nesse jogo as coisas começaram a complicar-se para o lado de Sócrates e do Governo do Partido Socialista! A luta a partir daí tornou-se desigual e passou a ser inglória para Sócrates porque era atacado por todos os lados e a Comunicação Social veículava essa contestação durante 24 horas por dia!
A mensagem do descontentamento foi muito fácil de passar para a opinião pública porque, por um lado a crise começava a repercutir os seus efeitos, aumento do desemprego e retrocesso no processo de construção de riqueza,por outro lado as classes profissionais começaram a reagir aos incómodos que as reformas nos respectivos sectores de actividade lhes causavam.
O estado de graça concedido pelos jornalistas aos partidos da esquerda radical, o PCP e o BE, tornou-se fulcral neste processo de contestação ao Governo. Estes partidos, através da sua acção nas ruas iam conseguindo a mobilização do descontentamento ao mesmo tempo que passavam incómules no teste da sua identidade e da credibilidade e realismo dos seus programas políticos. Não eram confrontados com nada, com a sua demagogia, o seu populismo, o seu revolucionarismo, nada, o que valia era bater em Sócrates. O resultado está aí estes dois partidos juntos somam 20% nas intenções de voto dos portugueses, quando na média dos países da CE este valor é de apenas 2%.
No outro lado da barricada, o PSD, envolvido em sucessivos escandalos de envolvimento de líderes em alegados processos de corrupção e de lutas fracticidas dentro do próprio partido, limitava-se a gerir o melhor possível as crises internas ao mesmo tempo que ia procurando criar, fomentar e explorar casos que envolvessem de uma forma negativa o 1ºMinistro e a restante equipe governativa com a ajuda de pivôs importantes na Comunicação Social dos quais se destacaram Manuela Moura Guedes, Mário Crespo, Constança Cunha e Sá e António Ribeiro Ferreira.
Tudo isto somado conduziu à desconfiança e incerteza nas pessoas, principalmente naquelas pessoas que se posicionam eleitoralmente ora à esquerda ora à direita e que se traduziu na perda das Eleições Europeias por parte do PS e no acréscimo de ânimo e esperança em todas as hostes anti-Sócrates.
A quinze dias das eleições legislativas o espectro que se apresenta ao país em termos de sondagens é preocupante para o país: Empate técnico entre PS e PSD, ou seja tanto um partido como o outro pode ganhar as eleições, o PCP e o BE somando 20% das intenções de voto e uma perspectiva de ingovernabilidade deveras assustadora para os interesses do país.
Segundo nos foi dado ver nos confrontos entre os líderes dos partidos, a única coligação plausível é a do PSD com o CDS que, no caso do PSD ganhar as eleições, pelos números que nos apontam as sondagens, não seria suficiente para governar com maioria absoluta. No caso de ser o PS a ganhar as eleições com maioria simples, como se espera, também já deu para perceber que irá governar sózinho. Assim, a confirmarem-se estes cenários, não sei como será possível aprovar qualquer lei importante no Parlamento na próxima legislatura, a começar pela Lei do Orçamento de Estado para o próximo ano!
No caso de a crise internacional se agravar, seguindo o crescimento económico mundial o célebre gráfico do "W", então teremos razões de sobra para ficar preocupados! Uma situação de crise económica mundial atravessada por uma crise de ingovernabilidade no nosso país, teríamos nessas circunstâncias os condimentos essenciais para a queda abrupta da confiança, o desaparecimento do investimento público e privado,o afundar da economia, o aumento catrastrófico do desemprego e a banca rota ao virar da esquina!
Os pseudo-intelectuais de esquerda e os contestatários da classe média que dizem apoiar o BE irão nessa altura ter razões de sobra para acusar o Governo e manifestar-se nas ruas contra a eventual catrastofe que se abatirá sobre as suas cabeças! Mas terão sempre a possibilidade de fugir para os países ( Que eu não conheço nenhum) onde vigora o sistema político e social preconizado pelo BE! Ou então, se assim o preferirem, poderão abrigar-se nos países cujo modelo é elogiado pelo PCP, Cuba e Coreia do Norte!

domingo, 28 de junho de 2009

ESTA NOITE SONHEI COM A AMIGA DE MST

Esta noite sonhei com a amiga estrangeira de Miguel Sousa Tavares, na sequência do artigo publicado no jornal Expresso desta semana. Nesse meu sonho dei por mim a recrear o diálogo mantido entre MST e a amiga, mas num outro contexto, imaginando que a opção política no passado não tinha contemplado o investimento público e que as auto-estradas e o Alqueva tinham ficado por fazer.

« Segunda-Feira passada, a meio da tarde, faço a Estrada Nacional em direcção ao meu Monte Alentejano situado nos arredores do Redondo, na companhia de uma amiga estrangeira; Quarta-feira de manhã refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma estrada com dois sentidos, muito sinuosa e perigosa, espaçada a intervalos com 3 faixas de rodagem para permitir duas ou três ultrapassagens. A meio da viagem, perto de Vendas Novas, percorridos cerca de 60 Km, o relógio já marcava mais de uma hora de viagem. A estrada estava difícil, o transito era muito intenso e em muitos pontos do trajecto, principalmente nos locais de aproximação aos pequenos centros urbanos, a fila de camiões portugueses e espanhois crescia substancialmente.
Vinda de um país com muitas auto-estradas, a minha amiga está espantada com o que vê.
- É sempre assim nesta estrada?
- Assim como?
- Perigosa, lenta e embichada( Queued of people em inglês)
- É é sempre assim, excepto aos Domingos em que apenas existem camiões portugueses.
- Mas se existe todo este incómodo para as pessoas e se isto tem repercussões negativas para a Economia Portuguesa e se ainda por cima havia dinheiro para gastar dos fundos europeus, porque razão não construíram uma auto-estrada que ligasse Lisboa à fronteira espanhola?
- Bem, sabes... é que existem aí uns governantes que têm uma obsessão pelo endividamento e dizem que a construção dessas vias apenas ia absorver a mão de obra de emigrantes romenos, caucasianos, brasileiros e pretos.
- Então e no interior do país, para Vilar-Formoso, para Bragança, para Castelo Branco, também não existem auto-estradas?
- Não, apenas existe a A1, com apenas duas faixas de cada lado, que liga Lisboa ao Porto. Ah também existe a IP5, que liga Aveiro a Vilar Formoso, mandada construir por Cavaco Silva, onde infelizmente morrem muitos automobilistas em acidentes!
- Então se assim é, os espanhois não vos podem abastecer de comida e outros bens porque os camiões não podem circular nas vossas estradas com segurança e rentabilidade. Além disso as vossas exportações não podem escoar com facilidade, o que agrava o vosso défice.
- Bem quanto à variedade de alimentos disponíveeis no mercado não te sei explicar muito bem porque eu como sempre em restaurantes. Quanto ao défice sei que quando governa o PSD, ele sobe e quando governa o PS ele desce.
-Então e ao menos não se modernizaram na via férrea, nomeadamente nas linhas de alta-velocidade, ficando dessa forma ligados à Europa através de uma via que permite rapidez semelhante à aviação comercial, comodidade e modernidade?
- Sabes o TGV anda a ser estudado há mais de 15 anos, foram gastas fortunas em estudos e planeamentos, mas nunca mais se avança porque o PSD nunca mais chega ao poder!
- Mas ao menos vão investir num novo aeroporto?
- Sabes não é bem assim porque existe muita gente importante que viaja muito, que vive em Lisboa ou arredores, e que não está na disposição de percorrer cerca de 50Km para ir apanhar o avião.
- Então mas o aeroporto da Portela não está a rebentar pelas costuras e além disso a poluíção sonora e ambiental não estão a degradar substancialmente a qualidade de vida dos Lisboetas?
- Bem sabes a ideia é ficar o Aeroporto da Portela apenas para as viagens das entidades governamentais, políticos, gestores e administradores, jornalistas e e outras pessoas endinheiradas que viajam nas carreiras regulares e remeter para o aeroporto militar do Montijo os voos LoW-Cost onde viajam os turistas e emigrantes de baixos recursos.
Ao fim de três horas de viagem, quando já próximos do Redondo, olho para a minha amiga e questiono-a: Estás a ver ali ao fundo aquele rio fininho que é o Guadiana? - -Era ali que estava previsto começar a albufeira que iria ter à barragem do Alqueva que não chegou a ser construída.
-Mas essa barragem não estava destinada a ser a maior barragem da Europa que iria irrigar todo o Baixo Alentejo, promover turisticamente a zona e proporcionar uma fonte inesgotável de energia eléctrica limpa e não dependente do petróleo?
- É verdade tudo isso mas o que é tu queres, o nosso país não é rico, não temos recursos e o endividamento seria afectado brutalmente!
Apesar do sol de frente,impiedoso, ( felizmente que o carro tinha ar condicionado) e do cansaço da viagem que já ultrapassava as três horas,ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a ultima pergunta: Vocês são doidos ou apenas complexados ?
- Antes eramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, após a queda do império, fomos dominados por um complexo de inferioridade e adquirimos um espírito tacanho que nos limita a acção, o espírito empreendedor e o progresso.
-Então mas assim nunca mais passam da cêpa-torta ( Não sei como se diz em inglês cêpa-torta). É como a pescadinha de rabo na boca: Como são pobrezinhos, não investem porque temem o endividamento, apesar da cobertura da União Europeia. Como não investem, não ganham riqueza, como tal..... nunca vão deixar de ser pobrezinhos!
- O que que tu queres..... é o fado! Eu por mim, como vou muitas vezes ao estrangeiro apanhar banhos de civilização, não me incomoda nada esta pasmaceira. Até sinto um certo alívio, uma certa descompressão, quando chego ao meu monte.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão atrasados como Portugal onde uma distância de 120 Km seja percorrida por carro em 3,5 horas. Talvez isto também ainda aconteça na Albânia. Mas olha-me só para esta paisagem alentejana. Espero ficar aqui pelo menos 8 dias. Só de pensar na viagem de regresso fico angustiada.
Olha Miguel, já agora pára aí o carro! Obrigada! Como se chama aquela árvore grande com muita sombra?
-É um sobreiro, também é conhecido na gíria como Chaparro!
-Desculpa lá, mas tenho que ir ali atrás daquele "Chapárooh". Sabes foram quase 4 horas de viagem, sem termos visto nenhum posto nem estação de serviço, como existem nas auto-estradas, não posso mais!