segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que está em causa nestas eleições!

O PS governou o país nestes ultimos quatro anos com maioria absoluta. O balanço dessa governação foi, em minha opinião, bastante positivo uma vez que, apesar da crise internacional que desabou sobre nós, uma das maiores desde os anos vinte, foram implementadas reformas que, apesar de ainda não se sentirem os efeitos no presente, se revestem da maior importância para o futuro do país.
Por outro lado foi possível constatar que, enquanto não surgiu a crise, o Governo foi capaz de reduzir o défice até valores nunca antes verificados ao mesmo tempo que conseguiu alcançar até 2007 um crescimento positivo da economia de 2%, o que constratava claramente com o valor negativo do crescimento atingido durante os governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Nesse período aureo do Governo de Sócrates,foi possível constatar o dinamismo que atingiram as empresas exportadoras, o aumento de confiança que se instalou nos investidores nacionais e internacionais e o reforço na crediblização e confiança no Governo de Sócrates que lhe permitia conseguir valores de intenções de voto nas sondagens que o catapultava para uma nova maioria absoluta.
Depois aconteceu a crise e em simultânio o avolumar do processo artificial e conspirativo da descredibilização do 1ªMinistro que passou sucessivamente pelos casos da licenciatura, dos projectos das casas, Freeport e suposta perseguição às classes profissionais dos Militares, dos Juízes, dos Professores e Jornalistas.
Quando os jornalistas entraram também nesse jogo as coisas começaram a complicar-se para o lado de Sócrates e do Governo do Partido Socialista! A luta a partir daí tornou-se desigual e passou a ser inglória para Sócrates porque era atacado por todos os lados e a Comunicação Social veículava essa contestação durante 24 horas por dia!
A mensagem do descontentamento foi muito fácil de passar para a opinião pública porque, por um lado a crise começava a repercutir os seus efeitos, aumento do desemprego e retrocesso no processo de construção de riqueza,por outro lado as classes profissionais começaram a reagir aos incómodos que as reformas nos respectivos sectores de actividade lhes causavam.
O estado de graça concedido pelos jornalistas aos partidos da esquerda radical, o PCP e o BE, tornou-se fulcral neste processo de contestação ao Governo. Estes partidos, através da sua acção nas ruas iam conseguindo a mobilização do descontentamento ao mesmo tempo que passavam incómules no teste da sua identidade e da credibilidade e realismo dos seus programas políticos. Não eram confrontados com nada, com a sua demagogia, o seu populismo, o seu revolucionarismo, nada, o que valia era bater em Sócrates. O resultado está aí estes dois partidos juntos somam 20% nas intenções de voto dos portugueses, quando na média dos países da CE este valor é de apenas 2%.
No outro lado da barricada, o PSD, envolvido em sucessivos escandalos de envolvimento de líderes em alegados processos de corrupção e de lutas fracticidas dentro do próprio partido, limitava-se a gerir o melhor possível as crises internas ao mesmo tempo que ia procurando criar, fomentar e explorar casos que envolvessem de uma forma negativa o 1ºMinistro e a restante equipe governativa com a ajuda de pivôs importantes na Comunicação Social dos quais se destacaram Manuela Moura Guedes, Mário Crespo, Constança Cunha e Sá e António Ribeiro Ferreira.
Tudo isto somado conduziu à desconfiança e incerteza nas pessoas, principalmente naquelas pessoas que se posicionam eleitoralmente ora à esquerda ora à direita e que se traduziu na perda das Eleições Europeias por parte do PS e no acréscimo de ânimo e esperança em todas as hostes anti-Sócrates.
A quinze dias das eleições legislativas o espectro que se apresenta ao país em termos de sondagens é preocupante para o país: Empate técnico entre PS e PSD, ou seja tanto um partido como o outro pode ganhar as eleições, o PCP e o BE somando 20% das intenções de voto e uma perspectiva de ingovernabilidade deveras assustadora para os interesses do país.
Segundo nos foi dado ver nos confrontos entre os líderes dos partidos, a única coligação plausível é a do PSD com o CDS que, no caso do PSD ganhar as eleições, pelos números que nos apontam as sondagens, não seria suficiente para governar com maioria absoluta. No caso de ser o PS a ganhar as eleições com maioria simples, como se espera, também já deu para perceber que irá governar sózinho. Assim, a confirmarem-se estes cenários, não sei como será possível aprovar qualquer lei importante no Parlamento na próxima legislatura, a começar pela Lei do Orçamento de Estado para o próximo ano!
No caso de a crise internacional se agravar, seguindo o crescimento económico mundial o célebre gráfico do "W", então teremos razões de sobra para ficar preocupados! Uma situação de crise económica mundial atravessada por uma crise de ingovernabilidade no nosso país, teríamos nessas circunstâncias os condimentos essenciais para a queda abrupta da confiança, o desaparecimento do investimento público e privado,o afundar da economia, o aumento catrastrófico do desemprego e a banca rota ao virar da esquina!
Os pseudo-intelectuais de esquerda e os contestatários da classe média que dizem apoiar o BE irão nessa altura ter razões de sobra para acusar o Governo e manifestar-se nas ruas contra a eventual catrastofe que se abatirá sobre as suas cabeças! Mas terão sempre a possibilidade de fugir para os países ( Que eu não conheço nenhum) onde vigora o sistema político e social preconizado pelo BE! Ou então, se assim o preferirem, poderão abrigar-se nos países cujo modelo é elogiado pelo PCP, Cuba e Coreia do Norte!

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