Todos nos lembramos de episódios passados na nossa adolescência com os colegas do Liceu quando no dia a dia escolar nos encontravamos para brincar nos recreios ou fora da escola. Na minha memória relembro com alguma nitidez alguns adolescentes meus amigos que tinham o péssimo hábito de, na nossa convivência diária, adoptar uma atitude permanente de crítica e maledicência dos outros. Tínhamos a percepção que esses colegas sentíam uma grande necessidade de denegrir a imagem e a inteligência dos outros a fim de puderem esconder as suas próprias deficiências e inferioridades. Era notória a sua alegria e felicidade quando denunciavam qualquer escorregadela ou lapso cometidos pelos outros! A sua obsessão era detectar e explorar qualquer deslize ou hesitação dos parceiros mesmo quando era visível por todos que não tinham qualquer relevância. Muitas vezes, mesmo não havendo a ocorrência de qualquer lapso nas nossas reacções, estas eram empoladas, adulteradas e por vezes até inventadas, tal não era a fome devoradora para afectar a imagem dos outros.
Recentemente dei por mim a pensar que episódios semelhantes aos acima relatados, caraterísticos duma adolescência com dificuldades em crescer e em atingir a maturidade, são em todo semelhantes ao que se passa hoje em dia com alguns jornalistas da Comunicação Social, quando fazem transparecer uma enorme obsessão para atingir e denegrir a imagem dos outros, com especial incidência da dos governantes, muitas vezes recorrendo a práticas deontológicamente condenáveis, fazendo por vezes crer na existência de propósitos inconfessáveis na sua actuação.
Vejamos alguns exemplos de casos mediáticos ocorridos nos ulimos dias com governantes e que têm ocupado as grandes manchetes da C.S.
O engenheiro Mário Lino, Ministro das Obras Públicas, tem sido o alvo mais recente de alguns jornalistas. Veja-se o caso da pseudo piada do ministro sobre a licenciatura de Sócrates!
Alguém neste país com dois dedos de testa, acredita sinceramente que o homem, jocosamente, pretendia, com a alusão ao facto de ele ser inscrito na Ordem dos Engenheiros, atingir a imagem do Chefe do Governo, depois de tudo o que este passou com o processo cabalesco da sua licenciatura? É evidente que não!
No entanto este episódio foi relatado, empolado, especulado, anedotizado, até à exaustão, pelos Orgãos da Comunicação Social. É claro que o que se pretendia, e isso foi conseguido com mestria, era prolongar e não deixar cair no esquecimento o caso da licenciatura de José Sócrates. Todos os meios servem para atingir os fins, mesmo que para o efeito se procure fazer dos outros parvos!
O mesmo se está a passar com o caso do professor Xarrua alegadamente suspenso por insultar o 1º Ministro e a senhora sua mãe.
O que está de facto a ser empolado e especulado é a narração dos acontecimentos segundo a versão do visado e que é a de ele ter sido alvo de uma suspensão da DREN pelo simples facto de ter contado uma anedota sobre a licenciatura do 1ºMinistro.
Isto é, matam-se dois coelhos de uma cajadada; Por um lado mantem-se viva a polémica da licenciatura de Sócrates, por outro lado acusa-se o Governo de prepotência e de recorrer a métodos pidescos de acusação de pessoas! Novamente a imaginação fértil, eficaz e maquiavélica para denegrir e desgastar o executivo.
A possibilidade, diga-se muito forte (porque segundo consta existem três testemunhas credíveis arroladas no proceso disciplinar levantado que confirmam), de o ex-deputado do PSD e funcionário superior de uma Direcção Regional ter chamado f. da p. ao 1ºMinistro, bem essa hipótese foi imediatamente excluída da análise dos média, porque o que está a dar é ""!bater no Governo e as ordens são para manter bem vivo o caso da licenciatura de José Sócrates! O código deontológico que se lixe!
E quando surgir o resultado do processo disciplinar, bem das duas uma, ou isso não terá importância jornalística e não lhe será dada qualquer relevãncia, porque o objetivo já foi conseguido, ou então a argumentação assentará no facto de o professor Xarrua não ter possibilidade de se defender no processo disciplinar interno porque estava sózinho quando proferiu a atoarda. Talvez tenha sido por esse motivo que a Directora da DREN, em boa hora, teria participado a ocorrência ao Ministério Público.
Vejamos um outro caso que pela sua gravidade nos faz pensar na célebre frase do prestigiado psiquiatra Daniel Sampaio dedicada aos pais e mães deste país, mas neste contexto eu aplicála-ia a alguns senhores jornalistas " Inventem-se Novos Jornalístas ".
Trata-se da proliferação de insultos que alguns dirigentes do PSD têm dirigido nos ultimos tempos a membros do Governo, a começar no seu líder e a acabar em Alberto João!
Quais os Orgãos de Comunicação Social que tiveram a coragem e a seriedade de até ao momento, relevar ou condenar as atitudes inadmissíveis do Líder do Grupo Parlamentar do PSD, e do primeiro responsável daquele partido, Marques Mendes, por terem insultado directamente um Ministro, apelidando-o de maluquinho?
Observando com frieza todos estes lamentáveis episódios, que se podem aliás desdobrar em muitos mais, nos ultimos tempos, eu penso que esta Comunicação Social, e não querendo pensar o pior, enferma de um mal de falta de maturidade e de falta de credibilidade que nos preocupa muito seriamente. Quem sabe se aqueles meus amigos de outrora, os denominados maldicentes não teriam, em algum momento das suas vidas, virado jornalistas!
quinta-feira, 24 de maio de 2007
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