domingo, 24 de junho de 2007

Miguel Sousa Tavares no divã

Miguel Sousa Tavares (MST) não faz a coisa por menos... Se isto é a Esquerda, que venha a Direita!
MST concluía assim o seu artigo na ultima edição do Expresso que intitulou de " O DESVARIO DOS SOCIALISTAS" na sequência de um rol de críticas ao governo de José Socrates pela decisão de construção de um novo Aeroporto e do TGV.
Curiosamente, naquele mesmo artigo, começa por enumerar uma série de "grandes obras públicas" de estilo arquitectónico grandiloquente do Estado Novo, criticando a crença que todos os governos têm de ser o Estado o motor da Economia, constituindo a construção de grandes obras públicas monumentais o instrumento mais apetecível para o efeito! Então, como exemplos, pasme-se, apresenta as obras do Estado Novo, nomeadamente, a Gare Marítima de Alcântara, o Estádio Nacional, o Técnico, a Ponte de Vila Franca e o aterro de Belém para a realização da Exposição do Mundo Português de 1940. Como obras megalómanas mais recentes aponta entre outras, o Alqueva, a Exponor e o CCB.
Poderíamos analisar uma por uma todas estes desvarios despesistas de governos anteriores e fazer uma análise muito breve sobre o tal binómio custo-eficácia que o actual Presidente da Répública tanto gosta de evocar. Julgo, contudo, que essa análise seria tanto ou mais ridícula como a simpes apelidação a tais obras, como afirma MST, de elefantes brancos!
Mas o que levará MST a ir tão longe nas suas críticas ao Governo, a ponto de reclamar a sua substituíção por um governo de Direita e a verberar tamanha agressividade para com alguns aspectos da governação Socialista?
Analisando com rigor toda a argumentação exibida no texto, fácilmente se chega à conclusão que o novo Aeroporto e o TGV não são motivos suficientes para esta posição radical de MST sobre a actuação do Governo! Até pela simples razão que estes projectos já constavam do programa eleitoral do PS que conduziu JS à maioria absoluta. Que se saiba, MST não pede a substituíção do Governo desde o início da governação! Sendo assim o que se passará efectivamente na cabeça daquele polémico jornalista para, num rompante, deslumbrar-se com a Direita deste País?
Tanto mais que não se coíbe de criticar asperamente os interesses privados dos bancos, seguradoras, construtoras, empresas de estudos, gabinetes de engenharia e escritórios de advogados que se vão chegar à frente para ganhar os milhões das obras socialistas. Não se percebe muito bem onde encaixa a coerência do discurso esquerdista com o desejo da governação da Direita, e esta baralhação de ideias, esta aparente contradição, só pode dever-se à existência de um conflito interior ao nível do Sub-Consciente.
A explicação para esta nova atitude de MST, expressa algumas vezes de uma forma agressiva e arrogante, não se pode encontrar, como vimos, de uma forma lógica e consciente, havendo necessidade de recorrer aos meandros da Psicanálise para a entender!
Como matéria complexa que é, esta história de encontrar motivos inconscientes que justificam comportamentos e atitudes da vida real, normalmente não se resume apenas a uma explicação mas sim a várias hipóteses que podem contribuir isoladamente ou em conjunto para a compreensão do problema.
Então, como 1º ensaio de análise psicanalítica do comportamento de MST adiantamos a hipótese de inveja de MST do 1º Ministro José Sócrates em termos desportivos e de saúde.
Toda a gente sabe que Sócrates cultiva a vida regrada, o desporto e a saúde, não se coibindo de fazer o seu jogging matinal, mesmo durante as visitas oficiais a outros países. Pois bem, o único desporto que se conhece a MST é o circuito semanal de Jeep entre Lisboa e o seu Monte Alentejano, com passagem por Setúbal para comer salmonetes. No fundo MST quereria imitar o Sócrates, fazer jogging, deixar o tabaco e ter uma vida mais regrada e saudável! Mas não consegue......o resultado é a manifestação de agressividade contra o Governo e JS!
Um segundo ensaio sugere que a pedra no sapato de MST tem a ver com o facto do Governo pretender atribuir mais poderes à Entidade Reguladora da Comunicação Social, fazendo desta entidade um orgão mais interventivo e mais controlador dos desmandos de alguns jornalistas. MST embora no fundo não concorde com a bagunça a que chegou alguma Comunicação Social, mas por uma questão de coerência não o deseja admitir!
Então trata de combater o Governo noutras áreas que não a Comunicação Social, escamoteando dessa forma o seu verdadeiro desígnio.
Finalmente, uma outra hipótese prende-se com a frustação de MST ter adquirido o estatuto de escritor famoso à custa de um único romance e não conseguir extravasar os seus estados de alma através de outras formas da escrita, nomeadamente da poesia.
Veja-se o caso por exemplo de Vasco Graça Moura (VGM). É incontornável a sua situação de escritor prestigiado com a poesia a merecer lugar de destaque no conjunto da sua obra, pese embora, desde sempre, assuma uma postura de militância de direita, em defesa daqueles valores. Pode-se questionar como é possível conciliar estas duas vivências distintas entre si, por um lado o cultivo da sensibilidade, do amor, dos afectos, e por outro o assumir de uma cultura de direita, baseada na enonomia de mercado e assente na filosofia capitalista e materialista da exploração do trabalho em benefício do capital?
Pois bem, a nossa interpretação é que a poesia para este militante do PSD, funciona inconscientemente como sublimação dos ideais de Direita. É como que um escape, uma válvula na panela de pressão, uma descompressão para resolução do conflito interior entre a sensibilidade e a rigidez, entre os afectos e os apegos, entre o coração e a razão materialista.
Quanto a MST, quem sabe se ele não resolveria o seu problema, ensaiando, estudando, praticando e assumindo de vez a componente poética do seu lado de Escritor, tal qual como VGM!
Depois, bem... depois, seria só mandar o jornalismo às malvas e esperar, pacientemente, pela nomeação para um cargo internacional, (Adido Cultural numa Embaixada ou Deputado Europeu) quando a Direita deste País voltar ao Poder!

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