segunda-feira, 24 de março de 2008

LES UNS ET LES AUTRES

Clara Ferreira Alves ( CFA) num interessante artigo escrito na sua habitual rúbrica "Pluma Caprichosa" do Expresso com o título Lideranças Acéfalas, dizia que na vivência tumultuosa do PSD ao longo da sua História, ressalvando para o efeito o período de liderança de Cavaco Silva em que este conseguiu meter toda aquela gente na ordem, apenas dois dirigentes conseguiram ser mais inteligentes do que todos os outros, tratando das suas vidinhas e das suas carreiras. O primeiro, Durão Barroso que fugiu para Bruxelas para ocupar um cargo de prestígio, o segundo Marcelo Rebelo de Sousa que percebeu que a sua vocação era estar "fora daquilo" comentando aquilo|

De facto a vida do PSD ao longo da sua existência como partido tem sido marcada por um historial de guerrilhas internas opondo sistemáticamente facções opostas que curiosamente não se sustentam ou apoiam em ideais ou ideologias diferentes mas que se escudam em projectos de lideranças pessoais movendo-se em torno de interesses privados ou particulares.

Em cada momento da vida daquele partido e infelizmente do país, existe sempre uma luta fracticida entre "Uns e os Outros", mas este facto não tem sido impeditivo de vez em quando assumirem funções governativas no país com grandes responsabilidades na condução de políticas conotadas de direita e centro-direita, doseadas de populismo e demagogia e em regra, sem qualquer determinação reformista. Em suma, excluindo o período de governação cavaquista, podemos afirmar que os governos PSD fizerm muito por alguns milhares de filiados no partido que,numa escala piscícola podemos agrupar em Tubarões, Peixe Graúdo, Médio e Pequeno,que trataram de se governar a si próprios, mas não fizeram nada pelo país.

Após a luta feroz entre o apeado Marques Mendes e Filipe Menezes que montou no cavalo do poder do PSD, confronto esse que atingiu contornos pouco dignificantes, assiste-se neste momento ao auge da luta entre Menezes e Barões, Barrosistas e Mendistas. Menezes já disse que não sai nem à bomba. Alguns notáveis da outra facção já predestinaram que Menezes sai antes das próximas eleições legislativas.

Manuela Ferreira Leite dirigente insuspeita do PSD já veio dizer que o partido está dividido entre aqueles que se batem pela defesa de objectivos e de ideais e os outros cuja preocupação principal assenta na obtenção de resultados e na captação fácil do voto. Os primeiros serão os opositores a Menezes os segundos todos aqueles que navegam nas águas de Menezes e Santana. Os primeiros debatem-se por valores e sentimentos os segundos colocam tudo nas mãos do marketing....diz MFL.
Uma coisa é certa, a facção do PSD que MFL defende e que diz debaterem-se por princípios e valores, foi aquela que presidiu aos destinos do País durante os Governos de má memória de Durão Barroso e Santana Lopes que nos brindaram com um Défice de 7 por cento e uma Segurança Social à beira do colapso e que deixaram um rasto de suspeições e de casos polémicos como nunca tinha acontecido com Governo algum, anteriormente. Muitos desses casos encontram-se neste momento em processo de investigação na Justiça.

Ribau Esteves, vice-presidente do PSD, muito recentemente já se veio demarcar dos "Outros" responsabilizando-os pelo caso Somague e acusando-os do cometimento de ilegalidades e de falta de transparência, defendendo-se assim da acusação dos "Outros" de possibilitarem a lavagem de dinheiro com a descentralização do pagamento de cotas através de dinheiro vivo e de utilizarem métodos pouco ortodoxos e menos transparentes.

É de facto confrangedor assistir no dia a dia a este espectáculo mediático! "Uns e Outros" degladiam-se publicamente num confronto de relações pessoais entre figurantes. Não se discutem ideias, ideologias ou reformas, políticas alternativas e muito menos os problemas do país. Discutem querelas respeitantes a cotas, alterações de cores dos simbolos do partido, processos de intenção contra militantes e reclamam mutuamente falta de transparência d´Uns e d´Outros.

Perante esta triste realidade de um partido político reconheço alguma esperteza aos novos dirigentos do PSD ao escolherem o " Marketing" como arma secreta para o combate político que vai endurecer com o aproximar do período eleitoral.
Sendo o historial da existência do PSD, segundo escreve CFA, "uma amostra aterradora da política sem ideologia e sem história, casuística e pragmática arregimentada ao prato do dia e ao governo do mês"...........de facto não existe nada melhor que o "Marketing" para mascarar, encobrir e promover um mau produto!

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